Luanda - 1. Tenho pelo Victor Hugo Mendes (VHM) muito apreço e admiração. Aprecio-lhe a entrega ao trabalho, o respeito pelos adultos e a humildade. Por isso mesmo, custa-me imenso atracar-me com ele publicamente por causa de um desmentido que atribuo a forte pressão exercida sobre ele.

Fonte: Correio Angolense

2. Partilho com quem me lê a primeira mensagem que entrou esta manhã no meu WhatsApp, de autoria do VHM.

3. Foi esta a reacção de VHM ao texto que publiquei ontem ao fim da noite em que referi que ele resistiu a aliciamento para idolatrar o Presidente João Lourenço.

4. Não há na mensagem nenhum desmentido ao meu post. O que quer dizer alguma coisa.

5. Horas depois de havermos trocado mensagens, VHM surpreendeu-me com a publicação, nas redes sociais , de uma nota em que, no essencial, diz o seguinte:


“Bom dia. Na passada quinta feira, 11 de abril, estive pessoalmente a conversar com o jovem Sawanga, do Movangola, que me fez uma proposta normal para ser apenas e só palestrante num acto exclusivo que teria lugar ontem numa universidade aqui em Lisboa com a cobertura da RNA e TPA. Sem termos conversado sobre qualquer valor a ser pago, tendo minutos depois analisado melhor o desafio deixei ao estimado presidente do Movangola a seguinte mensagem:


“(...) Gostei muito, muito de estar contigo. Como sabes, os meus posicionamentos são muito firmes e, com base no que falamos, tenho a certeza de que não teremos um bom resultado, a linha que foi apresentada foge dos meus padrões. Estou sim, e sempre disponível para estar num debate frontal sobre Angola e de tudo que ela precisa dos seus vários filhos”.

VHM termina a mensagem afirmando nada saber sobre “tudo o resto”, ou seja, tudo o que escrevi a propósito do encontro que teve com o presidente da Movangola.

6. VHM não desmente o encontro com o presidente da Movangola, na quinta-feira, 11 de Abril. Diz que nesse encontro, António Sawanga lhe teria feito “uma proposta normal” para“ser apenas e só palestrante” num “acto exclusivo que teria lugar ontem numa universidade aqui em Lisboa com a cobertura da RNA e TPA”. Mas, nada nos diz sobre o conteúdo dessa palestra. Também não identifica a universidade lusa que teria escancarado as suas portas para a Movangola promover palestra sobre o nosso país.


7. VHM diz-nos que embora António Sawanga lhe tivesse feito apenas “uma proposta normal para ser apenas e só palestrante”, minutos depois do encontro manifestou ao presidente da Movangola “a certeza de que não teremos um bom resultado” porque a “linha que foi apresentada foge dos meus padrões”. Não há um único detalhe sobre a linha apresentada que fugiria aos padrões de VHM.


8. O repórter e apresentador da RTP diz que os seus “posicionamentos são muito firmes” e que “com base no que falamos, tenho a certeza de que não teremos um bom resultado”.


9. VHM não explica por que razão “uma proposta normal para ser apenas e só palestrante” lhe deu a certeza “de que não teremos um bom resultado”. O quê é que desagradou VHM? Os termos da proposta, o seu conteúdo, ou os valores envolvidos? Se, como afirma, está “sempre disponível para estar num debate frontal sobre Angola e de tudo que ela precisa dos seus vários filhos”, por que razão VHM precisou de “minutos depois” para concluir que a “linha que foi apresentada foge dos meus padrões”? Alguém que se tem a si mesmo como indivíduo de “posicionamentos muito firmes” e sempre “disponível para estar num debate frontal sobre Angola” porquê precisou de minutos para ter a “certeza de que não teremos um bom resultado”, já que “a linha que foi apresentada foge dos meus padrões”?


10. Confrontados os factos, subsiste alguma dúvida de que HVM e António Swanga conversaram, mas o “arranjinho” não chegou a bom porto?

11. Do conhecimento que tenho de VHM, fruto de alguma convivência que vamos tendo em Angola e em Portugal, não tenho a menor dúvida que o atabalhoado e inconsistente “desmentido” dele foi ditado a partir de Luanda.


12. Os meus leitores me perdoem, mas sobre o “comunicado” da Movangola nada tenho a referir. Desde logo porque começa com mistura de alhos com bugalhos. O Correio Angolense não publicou nenhuma matéria sobre o assunto. Quando a premissa é errada, o resultado é-o também.
Como diria o meu falecido amigo Gustavo Costa, era o que me “fartava” receber aulas de jornalismo de mercenários políticos.