Luanda - O Grupo Parlamentar da UNITA diz que, após o atentado à caravana de deputados à Assembleia Nacional (AN), que resultou em dez feridos, alguns dos quais em estado grave, na província do Kuando-Kubango, esperava por uma “solidariedade” do Presidente da República, João Lourenço, enquanto chefe de Estado, diante de um homicídio frustrado.

Fonte: Club-K.net

Segundo o presidente do Grupo Parlamentar da UNITA (GPU), Liberty Chiyaka, o “silêncio” do Presidente João Lourenço “representa cumplicidade”, pois o partido do “Galo Negro” entende que o grupo de pessoas que atacou a comitiva de deputados pela bancada parlamentar da UNITA “são militantes do MPLA”, que de acordo com o Chiyaka “agiram” a mando do primeiro secretário provincial dos “camaradas” no Kuando-Kubango, José Martins.

Falando em conferência de imprensa nesta quinta-feira, 18, em Luanda, o deputado Liberty Chiyaka, que apresentou o balanço das jornadas nas comunidades, realizadas de 8 a 12 deste mês, nas 18 províncias do país, revelou que a caravana da UNITA impedida de chegar à sede do município do Kuito-Kuanavale, por que, disse o político na oposição, dias antes foram registados actos de intolerância política, que terão culminado com agressão de dirigentes dos “maninhos” e destruição do comité do partido.

Nesta conferência de imprensa de balanço das jornadas nos municípios, o líder parlamentar do maior partido na oposição, reafirmou que “nenhum acto de intolerância política do regime” poderá inibir o trabalho dos seus deputados eleitos pelo povo soberano.

Liberty Chiyaka salientou que, nas jornadas, os deputados juntaram-se ao povo nas consultas para melhor perceber as preocupações das comunidades, tendo em vista as autarquias.

“Os objectivos foram integralmente alcançados. O povo demonstrou a sua habitual hospitalidade, cortesia e forte entusiasmo ao longo das jornadas. Dialogamos com toda a gente, autoridades tradicionais, autoridades eclesiásticas, comerciantes, empresários, estudantes, professores, jovens e idosos, homens e mulheres, de todas as convicções políticas, filosóficas e religiosas. Visitamos hospitais, orfanatos, escolas e mercados”, sublinhou o chefe da bancada parlamentar da UNITA.

“Sentimo-nos felizes por partilhar com algumas famílias, individual e colectivamente, mais de 100 toneladas de bens diversos, medicamentos, cobertores, vestuário, adubos, alimentos como farinha de milho, óleo alimentar, arroz, massa alimentar, sal e até água”, acrescentou lamentando terem dificuldades para doar bens nas províncias do Bié e Kwanza Sul.

De acordo com o parlamentar, nas províncias que visitaram, constataram que a incapacidade das famílias em fazer face à crise actual, deve-se essencialmente a três factores combinados, nomeadamente o ajustamento do preço real do kwanza face ao dólar e ao Euro, para não reduzir os rendimentos das grandes empresas importadoras, a diminuição dos subsídios à gasolina, para satisfazer às exigências do FMI e não ajustamento dos rendimentos dos trabalhadores angolanos aos efeitos perversos daquelas duas medidas no seu poder de compra.

“Constatámos que de um modo geral, os angolanos amadureceram e querem mesmo uma mudança de vida. É convicção geral que o sistema actual esgotou e já não tem conserto. Está além de qualquer reforma ou revisão. Angola precisa de um novo sistema de governação, uma nova economia, uma nova cultura de governação. Não encontramos ninguém, que defenda três mandatos para o exercício de um cargo executivo pelo mesmo cidadão! Ninguém quer isso”, acrescentou.

UNITA remete à AN na próxima semana a Proposta de Lei sobre Institucionalização das Autarquias Locais Efectivas

Durante a conferência de imprensa, o presidente do Grupo Parlamentar da UNITA, anunciou que, vai na segunda-feira, 22, entregar à Assembleia Nacional o Projecto de Lei Orgânica da Institucionalização das Autarquias Locais Efectivas, após o período de consulta, que segundo Liberty Chiyaka durou mais de 30 dias, em todas as províncias do país, e que vai dar entrada ao Parlamento com “carácter de urgência”.

Para Liberty Chiyaka, o poder local não é a única forma de se ultrapassarem os problemas da população, “mas é a melhor”, porque o modelo de concentração do poder, de centralização administrativa, que Angola implementou durante 50 anos, “falhou”.

O político na oposição fez saber que, nas jornadas nas comunidades, os deputados pela bancada parlamentar da UNITA “juntaram-se ao povo nas consultas para melhor perceber as preocupações das comunidades, tendo em vista as autarquias”.

“Fortaleceu-se a consciência cívica dos cidadãos no interior do país. Todos querem participar, todos entendem que governar é dever e direito de todos”, disse.