Luanda - António André Lopes, presidente do Banco estatal BPC até outubro de 2022, é apontado por fontes com conhecimento do tema como a pessoa que introduziu as chamadas "rendas milionárias" que, posteriormente, foram alvo de correções semanas após sua exoneração do cargo.
Fonte: Club-k.net
BPC pagava renda bilionária para ocupar edifício público
O BPC possui o seu próprio edifício-sede na marginal de Luanda, mas que se encontra em obras de restauro e requalificação há mais de 5 anos. Desde então, a direção do banco mudou de sedes provisórias até se transferir para o Edifício CIF ONE, nos termos de um contrato de arrendamento homologado posteriormente pela ministra das finanças, Vera Esperança Daves, por meio do ofício 001705/SAPFGC/DGP/DNPE/MINFIN/2022.
Construído com fundos públicos, o Edifício CIF ONE inicialmente estava sob posse de generais da Presidência da República. Em fevereiro de 2020, foi recuperado pelo Serviço Nacional de Recuperação de Activos (SENRA) no âmbito do combate à corrupção. A gestão do edifício seria então entregue à Direção Nacional do Património do Estado do Ministério das Finanças.
Ao contrário de relatos anteriores de que tudo seria "a custo zero", o BPC, na altura representado pelo então PCA António André Lopes e pelo administrador executivo Victor Manuel de Faria Cardoso, assinou um contrato anual com o responsável da Direção Nacional do Património do Estado do Ministério das Finanças, Adilson de Jesus Manuel Serqueira, no valor global de KZ 1.933.134.240,00 (Um milhão, novecentos e trinta e três milhões, cento e trinta e quatro mil e duzentos e quarenta kwanzas).
O BPC pagava de renda cerca de 1 bilhão de kwanzas anual ao Ministério das Finanças (MINFIN) para ocupar o rés-do-chão do Edifício CIF Two, destinado à instalação de uma agência bancária, e os pisos 13, 14, 15, 17, 19 e metade do piso 16 do Edifício CIF One, que serviriam de escritórios.
O contrato firmado entre o conselho de administração de António André Lopes entrou em vigor em 22 de julho de 2021, com a possibilidade de ser renovado anualmente.
Mudança de sede e redução de custos:
Em finais de 2022, logo após a exoneração do conselho de administração de António André Lopes, a ministra das finanças, Vera Daves, notificou o BPC para que se retirasse do Edifício CIF. Um novo conselho, liderado por Cláudio Pinheiro Pinto Macedo, viu-se obrigado a arrendar outro local, mudando-se para o conhecido Edifício "Mazuika Office Plaza", no Talatona, reduzindo a renda de um bilhão e seiscentos milhões de kwanzas anuais para cerca de 455 milhões.
O contrato para o Edifício Mazuika foi firmado na primeira semana de dezembro de 2022 entre o novo conselho e a empresa Newaco, Lda, proprietária do edifício, prevendo a renovação por seis meses.
Detalhes do Contrato do Edifício Mazuika:
Inicialmente, o contrato para o Edifício Mazuika seria anual, entre o período de janeiro de 2023 a de janeiro de 2024, sendo depois renovado. O BPC ocupa seis dos nove andares do edifício e 72 lugares de estacionamento. A renda trimestral seria de AKZ 221.625.000,00, o que corresponde a um valor global anual de AKZ 810.000.000,00 (oitocentos e dez milhões de kwanzas).
Pelo BPC, assinou o contrato o Presidente do Conselho Executivo, Luzolo Adriano Neto Espírito Santo de Carvalho, e a administradora Sandra Jardim do Nascimento Balça. Pelo grupo Newaco, assinaram Prayesh Harasanali Lalali e Faran Farid Ratnani.
Segundo informações apuradas pelo Club-K, a construtora chinesa NOVA CHINA JIANGSU, responsável pela reabilitação e restauração do edifício-sede do BPC, comprometeu-se a entregar o imóvel até julho de 2024, quando também ocorrerá a cessação do contrato de arrendamento para a Newaco.