Lisboa - Santana André  Pitra “Petroff”, o cabinda  mais influente e  respeitado  no regime angolano  mostra-se decidido em depor, em tribunal, como testemunha do activista e professor universitario, Belchior Lanzo  Taty, detido em Cabinda, na seqüência do ataque contra a selecção do Togo,  em Massadi. O julgamento esta marcado para o dia 23 de Junho no Tribunal da Comarca de Cabinda. Em  círculos tradicionais do enclave  que tomaram nota do assunto com “muita satisfação” interpretam  o  gesto deste  nacionalista angolano  como  um sinal  “de rotura com as atrocidades do regime contra os nossos irmãos”.


Fonte: Club-k.net

 Esta sob pressão dos famíliares em Cabinda

Afastado  do gabinete presidencial (sem previa notificação),   “Petroff”, era, até  Março último,  o assessor  especial do Presidente José Eduardo dos Santos   para as questões de Cabinda. Era através do mesmo que o gabinete presidencial estabelecia contactos com Nzita Tiago para “solução”  do conflito armado no Enclave. (A aproximação era mantida  no secretismo para não por em causa o acordo de "paz" com Bento Bembe).


A 21 de Julho de  2009,  Pitra “Petroff” foi contactado por Belchior Lanso Taty, que se encontrava em Paris a fim de transmitir-lhe o interesse de Nzita Tiago em  passar  uma procuração para que ele (Belchior) fosse  recebido pelo Presidente José Eduardo dos Santos. A  audiência  não chegou a ocorrer,  devido ao facto de “Petroff”, ter se encontrado na altura, ausente do país e com o estado de saúde que requeria repouso.

 

Nas véspera do ataque da FLEC, Santana André  Pitra “Petroff” mostrou-se surpreendido com a atitude das autoridades em Cabinda em terem prendido  Belchior Lanso Taty, na altura,  acusado  como implicado na manobra terrorista.  Naquele momento, telefonou ao Governador Mawete João Baptista para perguntar se havia “de facto”  provas concretas  que justificava a detenção dos alegados suspeitas. (Na resposta Mawete deixou transparecer pouco domínio sob o assunto visto que era novo como Governador; A PGR na província dirigida por António Nito  alegava que estavam apenas a cumprir ordens de Luanda).

 

Quando se deslocou a Cabinda, para se inteirar do assunto, Petroff  viu-se rodeado pela pressão dos familiares da sua terra que o acusavam de “cúmplice” na detenção de Belchior que é  seu  sobrinho.  A conotação, foi tomada desta forma, (pelos familiares)  devido a sua função de assessor do PR.  A pressão  que sofre da família é também  associada como estando na base de ele ter aceite para depor ou   “para dar testemunho do conhecimento que a Presidência da Republica tem do dossiê Belchior”.


A cerca de  duas semanas, “Petroff”, esteve  na cidade de belo horizonte, Brasil tendo manifestado a reiteração da sua posição em depor.

 

De acordo com justificação em meios conhecedores  tradicionais de Cabinda, os  originários desta terra valorizam muito a  família pondo-a em primeiro lugar. Os que se opõem a esta pratica  são amaldiçoados por via de métodos por eles  conhecidos. (No ano passado completou  70 anos de idade, e a festa foi no enclave).

 

Santana André  Pitra “Petroff”, foi  igualmente referenciado, nos últimos anos,  como o alto funcionário do gabinete presidencial que efectuava visitas ao território para contactos com personalidades consideradas “descontentes”. 
 

Mudança de discurso

 

De acordo com conclusões oportunas, as autoridades angolanas já não fazem recurso a linguagem  que conotava a detenção dos argüidos (Belchior e Padre Taty) ao ataque da FLEC (mas sim por ligação a um “movimento terrorista”). Na altura dos ataques, o regime aproveitou a ocasião para declarar a FLEC como “ grupo de terroristas” e na seqüência da medida prendeu os activistas dos direitos humanos a pretexto de  terem,  participado, um ano antes, numa reunião inter-cabindesa promovida pela FLEC, sociedade civil e Igreja na Europa.


Observadores que seguem o caso acham que  “Há  duvida que fica é se o  governo como entidade é quem permitiu a ligação das detenções  com a FLEC,  e se o fez usando de boa fé ou não, ou  e se Petroff está nessa estratégia”.


“Na altura em  que se aventou esta ligação algumas vozes punham reticência na eficácia da démarche pois o governo angolano  poderia utilizar isto para mostrar a sua ligação com o movimento independentista  e depois prende-los. Essa hipótese começa a ganhar corpo” conclui o observador cuja identidade se preserva.