Luanda - Mais de 200 activistas detidos, há mais de oito meses, na província da Lunda Sul, quando pretendiam hastear uma bandeira para exigir a autonomia do leste de Angola, estão a ser, todos os dias, torturados e coagidos a assinarem documentos. Além disso, é-lhes negada assistência médica. A denúncia é do Movimento Cívico Mudei e da defesa dos activistas.

Fonte: RFI

O Movimento Cívico Mudei e a defesa dos activistas detidos no leste de Angola relatam, também, a morte de uma cidadã na prisão e, por isso, temem a reprodução do sucedido devido às condições carcerárias.

Esta terça-feira, 18 de Junho, o Movimento Cívico Mudei apresentou, em conferência de imprensa, um relatório sobre a situação carcerária das 235 pessoas detidas, desde Outubro do ano passado, no leste de Angola, por alegadamente terem tentado içar uma bandeira do Manifesto da Lunda Tchokwe, na província da Lunda Sul. Os activistas estão a ser acusados pelos crimes de rebelião e traição à pátria.

Jaime Domingos “MC”, um dos coordenadores do Mudei, revela que um dos objectivos da pesquisa foi de tornar pública a existência de activistas presos no leste de Angola e denunciar à comunidade internacional as violações dos detidos nas cadeias das províncias do Cuando Cubango, Moxico e das Lundas Norte e Sul.

Belmiro Chimuco, um dos advogados dos activistas, diz que o processo é político porque, passados mais de oito meses, as autoridades judiciais ainda carecem de provas que possam sustentar as acusações imputadas aos seus constituintes.

O representante da Ordem dos Advogados de Angola na província do Moxico denúncia a morte de um dos detidos, alegando que, diariamente, os activistas são supostamente submetidos a tortura e que também é-lhes negada assistência médica na cadeia.

A RFI tentou, sem sucesso, ouvir um dos representantes do ministério da Justiça dos Direitos Humanos.