Montreal / Luanda - 1. Angola é hoje um país em mudança e em crescimento. Não é o mesmo país de há dez anos, com certeza. Muita, mas muita coisa mudou mesmo!


Fonte: club-k.net

Desemprego entre os 35 e 40 por cento

2. A nova e Terceira República nascida em Fevereiro do ano em curso, com a aprovação da primeira Constituição da República de Angola trouxe um novo quadro no ordenamento do próprio Estado, nomeadamente da mudança do nome de Governo para Executivo, da criação da figura do Vice-Presidente da República e da introdução dos Ministros de Estados junto da Presidência da República.


3. Foi introduzida ainda a Lei da Probidade Administrativa que visa essencialmente regularizar o comportamento dos gestores públicos e combater quer o tráfico de influência quer a corrupção que é uma das mais altas do mundo. Está a ser preparada, e espera-se com grande expectativas a apresentação e respectiva aprovação do primeiro Código Penal da Angola pós independência. Neste meu regresso ao país, dez anos depois, constatei ainda a existência de muitas mulheres a exercerem cargos de liderança no Executivo, no Parlamento, no Exército, na Polícia, no empresariado, no professorado…


4. O centro da cidade de Luanda, à semelhança de outras capitais provinciais, e falo do Lubango, do Huambo, de Benguela, de Cabinda, estão mais limpos, com novos edifícios, estradas arranjadas, menos mendigos nas ruas. Angola cresceu com bairros novos, alguns urbanizados e muitos desordenados. Cresceu também o número de carros a circularem nas vias das grandes cidades, e que acabam de ser um bom justificativo para se chegar atrasado nos compromissos, bastando dizer que se estava no “engarrafamento”, coisas de Luanda! Viajar de carro por estrada, pelo país, já é uma realidade. Todas as capitais provinciais estão ligadas por estrada, graças a um esforço colosso do Executivo Angolano.


5. Uma classe média, mais diversificada em termos dos extractos sociais, começa a emergir. Muitos jovens conseguem por esforço próprio e competência empregos executivos e prósperos. Têm sido criados inúmeros postos de trabalho, para pessoas qualificadas e pessoas com poucas ou nenhuma qualificação. Há muita gente a frequentar as universidades espalhadas por quase todo o país. Muitas escolas primárias e secundárias foram reconstruídas, reparadas e mesmo construídas nas 18 províncias de Angola, assim como foram reparadas e construídas várias infra-estruturas da saúde.


6. No capítulo das artes, aumentou o número de escritores, artistas, pintores, músicos, grupos de teatro e de dança, realizadores de cinema, produtoras de vídeo e musicais. Aumentou ainda o número de semanários, revistas, estações de rádio e de televisão. Realizamos a Taça Africana em Futebol, mais conhecido por CAN, e outros tantos eventos internacionais. O Papa esteve em Angola e deixou mensagens importantes de esperança e de amor.


7. No entanto, muita coisa há ainda por se fazer. O número de crianças fora do sistema de ensino, segundo o último relatório da UNICEF é de um milhão e 500 mil. A taxa de mortalidade de crianças abaixo dos cinco anos é de 158 em mil nados vivos, uma das mais altas do mundo. Mil e 400 mulheres morrem em cada 100 mil partos de bebés nascidos vivos em Angola, cifra das mais altas do mundo num dos países que é igualmente dos mais ricos.


8. Apesar de haver muito mais escolas, muitos se queixam da fraca qualidade dos alunos em todos os níveis, desde a iniciação à universidade. Para não mencionar a qualidade dos próprios professores que em muitos casos deixam muito a desejar. Os números do desemprego não encontram concordância, mas devem rondar entre os 35 e 40 por cento.


9. Se por um lado, as capitais provinciais estão ligadas entre si, por estrada, o desafio que se impõe neste momento é a ligação por estrada entre as capitais provinciais e as capitais municipais e comunais, como forma de facilitar a livre circulação de pessoas e bens e de facilitar principalmente o escoamento das mercadorias agrícolas das fazendas para as cidades.


10. O crescimento que o país observa tem sido muito criticado por analistas nacionais e internacionais que acusam o Executivo de estar a implementar um desenvolvimento desproporcional em termos da sua sustentabilidade. Os mais críticos chegam mesmo a afirmar que se estão a criar muitos desníveis sociais, quer entre pessoas quer entre províncias. Há cidades e bairros que têm quase tudo, enquanto outras cidades e municípios que clamam por quase tudo.


11. Angola é um país em crescimento, e como o crescimento não é perfeito, há cada vez mais o consenso de que este processo deve ser debatido, moldado e adaptado à medida que se avança. Este é um retrato possível de um país, chamado Angola que se quer ver livre da pobreza, da mortalidade infantil, da corrupção, do analfabetismo. É um país que quer usar a sua experiência de crescimento económico e social para servir de modelo para outros países africanos e quiçá mundiais…