Luanda - Neste sábado, em Portugal, a Frente Patriótica Unida (FPU) encontrou-se com a comunidade angolana e na segunda feira com jornalistas em Portugal. A FPU denunciou a censura e a desatenção da comunicação pública em Angola, uma vez que esta está mais ocupada cantando as realizações do governo ou noticiando os discursos de João Lourenço.
Fonte: Club-k.net
A FPU denunciou a ausência de um Estado de Direito em Angola, considerando que este Estado só existe no papel, pois em Angola há muito tempo a opinião é crime, não há independência do poder judiciário e os órgãos do Estado recebem directamente ordens do ordens do Presidente da República. Filomeno Vieira Lopes, dirigente do Bloco Democrático de Angola, corroborou o diagnóstico feito sobre um “Estado autocrático, sem instituições democráticas credíveis”, onde “não há poder local” democrático e “a palavra final é de uma pessoa”.
Foi abordada também a questão da pobreza, que foi e continua a ser um seríssimo problema do povo de Angola e mesmo em cidades como Luanda há bairros que tem problemas de falta de água. Em muitas cidades em torno do Corredor do Lobito há não há saneamento básico e os angolanos precisam muitas vezes fazer suas necessidades longe de casa ou buscar água potável depois de caminhar quilômetros.
No plano económico, dizem que há uma dívida escondida que “não para de crescer” e que o executivo “viola completamente” o seu próprio Orçamento de Estado. Apesar disso a mídia oficialista está sempre a mencionar a produção de petróleo que nunca se vê transformada em benefícios para o povo de Angola. Também há o problema das contratações sem concurso público, favorecendo amigos do presidente João Lourenço.
Talvez o momento mais importante tenha sido a apresentação de perspectivas de mudança para Angola. Adalberto Costa Júnior, presidente da UNITA e coordenador da Frente Patriótica Unida, comparou a situação de política de Angola com a da África do Sul e Moçambique onde o “partido-Estado” está assustado”. Lá, como em Angola, o partido do poder “já não representa a maioria” e aconteceram mudanças nas últimas eleições. Adalberto Costa Júnior está convencido numa vitória eleitoral nas próximas eleições, tendo defendido ainda que a oposição de facto triunfou nas últimas eleições. Tudo dependerá de como o regime do MPLA irá lidar com a situação e a capacidade da FPU de mobilizar democraticamente as forças políticas de Angola.