Luanda – Um esquema envolvendo a Recredit - Gestão de Activos, S.A., está a gerar controvérsia e envolve diretamente o nome do ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Mário Augusto da Silva Oliveira. O ministro é acusado de ter se beneficiado de um imóvel supostamente a mando da Presidência da República, o que coloca em xeque a credibilidade das instituições envolvidas.
Fonte: Club-k.net
Nome do PR usado em esquema de recuperação de dividas
A Recredit, fundada em 2017 para auxiliar na reestruturação do setor bancário angolano, focando-se na recuperação de créditos problemáticos, tem estado no centro de um embate legal desde o início de agosto. A empresa e a firma de advogados FT – Sociedade de Advogados trocaram acusações mútuas devido ao despejo de um imóvel que a Recredit alega ter sido destinado ao ministro Mário Oliveira por ordem da Presidência.
Segundo apurou o Club-K, no dia 30 de julho, as empresas Life Corporation e Joair Internacional, representadas pela FT, enviaram uma notificação à Recredit, manifestando o direito de recompra de um imóvel localizado no Lar do Patriota, em Luanda, conforme um acordo previamente estabelecido. A Recredit, por sua vez, argumenta que a Joair Internacional não cumpriu as suas obrigações e ameaçou recorrer às autoridades judiciais, alegando que a não entrega do imóvel configuraria uma "ocupação ilegal".
No entanto, em resposta enviada há 8 de agosto, a FT rejeitou as alegações da Recredit, afirmando que a Joair Internacional sempre cumpriu as suas obrigações contratuais, incluindo o exercício do direito de recompra. A FT acusa ainda a Recredit de enviar um representante ao imóvel sem aviso prévio, alegando ordens superiores, incluindo a participação do ministro das Telecomunicações, para a aquisição do imóvel.
A situação se complicou ainda mais com alegações de que a Recredit estaria envolvida em um esquema de apropriação de imóveis, que posteriormente são vendidos a membros do regime ou a imobiliárias ligadas ao círculo de poder. Fontes internas indicam que a Recredit está sob pressão para cumprir uma lista de imóveis que a Presidência da República ordenou recuperar, sendo que alguns desses imóveis teriam sido destinados à Igreja Católica por ordem do Presidente João Lourenço.
A polêmica levanta questões sobre a integridade dos processos e a transparência nas ações da Recredit, além de envolver diretamente figuras do alto escalão do governo angolano.