Luanda - Um colectivo de trabalhadores da Casa da Juventude (CAJUV), no município de Viana, em Luanda, unidade orgânica afecta ao Ministério da Juventude e Desportos (MINJUD) acusa o director-geral da instituição, João Domingos Calueio Panga Panga, no cargo desde 18 de Dezembro de 2023, de gestão danosa, assédio sexual e nepotismo, no exercício das suas funções, pelo que exigem a sua exoneração, sob pena de desencadearem paralisação dos trabalhos.

Fonte: Club-K.net

Numa denúncia enviada ao Club-K, os trabalhadores lamentam que, desde que assumiu as funções, o mesmo não tem se pautado pelas normas de gestão transparente, “mas sim, por aquelas normas que minam o desenvolvimento da instituição e do bem-estar dos trabalhadores”.

Segundo os denunciantes, a gestão de João Domingos Panga Panga supostamente “está eivada de vícios como o nepotismo, o saque indevido dos fundos da instituição, arrecadados no âmbito da sua prestação de serviços aos utentes, assim como das receitas provenientes de arrendamentos de espaços adstritos à Casa da Juventude de Viana”.

“O gestor extrapola as suas competências contratuais, pelo facto deste não ter competências, por exemplo, celebrar directamente contratos de qualquer natureza sem a anuência superior, ou mesmo movimentar funcionários sem obedecer o descrito nas suas obrigações contratuais”, lê-se.

Na denúncia pública, os trabalhadores reforçam que “a petulância, e as ameaças aos trabalhadores, sobretudo a aqueles que não querem pactuar com o mesmo em práticas nefastas a instituição são o prato do dia-a-dia”.

Apontam como exemplos, “afastamento e ameaças às trabalhadoras por si assediadas e que não aceitaram se envolver sexualmente com o mesmo, continua a ser um dilema, assaltando a paz laboral e o futuro das trabalhadoras da instituição”.

A instituição conta oficialmente com 25 trabalhadores, mas a folha de salário, de acordo com a denúncia, “consta dela mais três trabalhadores fantasmas e mais alguns amigos, que não têm nenhum vínculo laboral com a instituição e nem sequer trabalham, apenas aparecem na hora do salário ou quando querem fazer um vale à tesouraria”.

“Existe um bandalho total na gestão da Casa da Juventude, por exemplo, a área de cursos ou formação para ele só existe quando para o mesmo recolher indevidamente as receitas que arrecada fruto dos pagamentos que os formandos fazem, e muitas das vezes estes dinheiros nem sequer dão entrada na tesouraria ou no banco. Vão directamente para o bolso do gestor”, avançam.

Lamentam ainda que os desvios são alegadamente “monumentais ao erário a contar pelo volume de arrecadação de valores e por este facto”, segundo eles, “os salários nunca são pagos a tempo, pois atrasam sempre e muito. A piscina está inoperante porque não há dinheiro”.

“A prostituição também já começou a ganhar corpo dentro da instituição com olhar impávido do próprio gestor, onde casais pagando algo ao segurança entram para o espaço adentro da Casa e se envolvem como querem, já que também a falta de iluminação ajuda tal prática”.

Afirmam também que falta o pagamento da água, e como resultado existe uma dívida com a EPAL, “sem falar da falta de vontade que o mesmo apresenta para reparar a eletrobomba, por isso mesmo as plantas do jardim e a piscina não têm vida”.

“Este cenário, é o que leva os trabalhadores da CAJUV, a fazer a presente denúncia pública, a ser fundamentada com outras provas que brevemente serão submetidas a opinião pública e as instâncias de direito”, reforçam.

Realidade na instituição contraria denúncia de trabalhadores

Fontes da Casa da Juventude de Viana, em Luanda, contactadas pelo Club-K, ressaltam que os argumentos acima descritos pelos supostos trabalhadores, “estão eivados de má-fé, caluniosos e desprovidos de qualquer fundamento”.

Segundo as fontes, o actual director-geral da Casa da Juventude de Viana, Panga Panga tem empreendido desde a sua nomeação, uma nova dinâmica e filosofia de trabalho, que tem resultado da correção e eliminação de muitos vícios do passado que comprometeram a melhoria da instituição e dos serviços prestados, facto que não tem agradado a muitos.

“Existem até pessoas fora da Casa da Juventude de Viana, que têm combatido o director, por ser uma pessoa vertical na sua gestão”, disse que preferiu não ser identificado.

Segundo apurou o Club-K, João Domingos Panga Panga, quando assumiu as funções, em Dezembro do ano passado, herdou uma instituição com muitos problemas estruturantes, desde a falta de iluminação no recinto, baixa arrecadação de receitas locais, inoperância da piscina, péssimas condições das casas de banho e práticas de actos de prostituição dentro da instituição com alegada facilitação dos seguranças.

De um tempo para cá, segundo ainda a fonte, o trabalho de João Domingos Panga Panga tem desagradado muitas pessoas dentro e fora da Casa da Juventude de Viana, que tinham na instituição como meio para o enriquecimento ilícito.

“O problema da iluminação dentro do recinto ficou ultrapassada e, para quem frequenta a Casa da Juventude sabe que já não enfrenta a escuridão, também foram combatidas as práticas de prostituição por parte de agentes de segurança que facilitavam a entrada de casais”, disse um dos trabalhadores, que preferiu anonimato.

O Club-K apurou que a Casa da Juventude de Viana não recebe verbas do Ministério da Juventude e Desportos (MINJUD), pelo que a sua manutenção e pagamento de salários de trabalhadores depende dos fundos que são arrecadados fruto de cobranças dos cursos, que são ministradores, aluguer de espaços e outros serviços.