Luanda - Um templo da Igreja Evangélica Peniel (IEP) “Santa Cidade de David”, foi destruído na passada segunda-feira, 22 de Agosto, na zona do Camama, Distrito da Cidade Universitária, no município do Talatona, em Luanda, por uma força conjunta constituída por efectivos da Polícia Nacional (PN), Fiscais da Administração e Serviço de Protecção Civil e Bombeiros.

Fonte: Club-K.net

Reconhecida em Diário da República n.º 42-E/92 de 09 de Setembro, Dr. n.º 36, 1ª Série, tem a sua sede da comuna do Hoji-Ya-Henda, município do Cazenga, e está vocacionada de pregar o evangelho em toda a extensão do território nacional, “e de forma a crescer o número de missionários para o cumprimento desta nobre missão”, a liderança da Igreja Evangélica Peniel (IEP), informou em ofício datado de 31 de Março de 2017, à Administração Municipal do Talatona e demais órgãos competentes a existência da sua congregação cristã, com mapas sobre a localização do templo ogora destruído.

 

Por ordem de altas patentes, um vasto aparato de forças policiais, militares, bombeiros e fiscais, deitaram abaixo o templo e demais residências erguidas no mesmo perímetro, sem qualquer notificação prévia.

 

O acto, que surpreendeu a comunidade religiosa, está a gerar uma onda de indignação entre os fiéis que clamam por uma explicação das autoridades.

 

Os fiéis, consternados com a situação, expressam a sua profunda tristeza e revolta. Domingas da Conceição, uma entre muitos membros da igreja, descreveu as dificuldades e os sacrifícios financeiros enfrentados pela comunidade para construir o referido templo, um sonho agora destruído.

 

Perante a gravidade do ocorrido, os fiéis clamam por uma intervenção urgente das autoridades governamentais, com destaque para o Presidente da República, João Lourenço, e exigem igualmente que se esclareça a razão por detrás da demolição e que se tomem medidas para corrigir o que consideram uma injustiça flagrante.

Entretanto, o pastor João Pedro Ngoi, líder da Igreja Evangélica Peniel “Santa Cidade de David”, descreveu que a congregação foi apanhada de surpresa pela acção das forças de segurança, que, sem aviso prévio, procederam à demolição do templo no dia 20 de Agosto, na zona do 11 de Novembro, Distrito da Cidade Universitária, no município do Talatona.

Segundo o pastor, a igreja, que há dois meses, desenvolvia as suas actividades religiosas normalmente, após a conclusão das obras que duraram cerca de dois anos, não recebeu qualquer notificação da Administração Municipal do Talatona ou de outro órgão do Estado a informar sobre a demolição iminente.

João Pedro Ngoi salientou que a igreja estava devidamente reconhecida pelo Estado, conforme o Decreto Executivo nº 42/92 publicado no Diário da República nº 36, 1ª série, e que todos os documentos necessários para a legalização do templo foram entregues ao Governo Provincial de Luanda.

Este último, segundo o pastor, tinha concedido à igreja o direito de superfície, permitindo assim a construção do templo.

Centenas de camponesas deixadas sem abrigo

No mesmo acto, os efectivos da Polícia Nacional, Fiscais da Administração e Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, são acusados também de terem destruído as obras de camponesas da empresa “Konda Marta”, deixando ao relento centenas de famílias, incluindo crianças.

As camponesas, cujo porta-voz Daniel Neto continua detido na Comarca de Viana, sem julgamento o que está a permitir o avanço das obras dos supostos invasores das parcelas tidas como propriedade da “Konda Marta”, lamentaram a situação que se arrasta há mais de oito anos, com acções injustas por parte dos órgãos de defesa e segurança, que diariamente são “instrumentalizados” por supostos oficiais da Polícia e das FAA, com vista a satisfazer os interesses pessoais.