Luanda - O general José Ferreira Tavares está sendo constantemente mencionado em círculos do regime como a figura designada para liderar os esforços de desgaste da imagem dos dirigentes do MPLA identificados como defensores de um congresso com múltiplas candidaturas.
Fonte: Club-k.net
Amigo pessoal do Presidente João Lourenço desde os tempos da extinta União Soviética, o general Tavares, apesar de não ocupar um cargo formal no regime, atua como uma espécie de assessor informal da presidência, cumprindo diversas missões relacionadas à estratégia de manutenção do poder do Presidente da República. O seu papel começou a ser notado meses antes das eleições de 2017, quando João Lourenço sentiu que na altura não tinha total apoio da entourage de José Eduardo dos Santos e criou uma estrutura paralela, coordenada por José Tavares, que incluía jovens turcos, como Esteves Hilário. Apesar de operar de maneira discreta, a direção de José Eduardo dos Santos, ao tomar conhecimento, deste grupo nunca convocou uma reunião dos CAP para acusá-los de tentar desestabilizar o partido.
Em 2021, quando João Lourenço na condição de líder do partido reintegrou o dirigente Bento Francisco Bento para comandar o Comitê Provincial de Luanda, foi confiado ao general José Tavares o papel de "financeiro informal", sendo-lhe atribuída a gestão de um "saco azul", que administrava por meio de uma associação que lidera, a Associação dos Naturais, Descendentes e Amigos do Distrito Urbano (Akwa-Sambila), em Luanda.
O escritório de advocacia BMF, pertencente ao advogado pessoal de José Ferreira Tavares, Bruce Manzambi Filipe, foi disponibilizado a dois antigos militantes da UNITA que, junto ao Tribunal Constitucional, impugnaram o congresso de 2019 que elegeu Adalberto Costa Júnior à presidência da UNITA, sob o argumento de que ele seria "cidadão português". Este movimento fazia parte de uma estratégia maior coordenada por Tavares, com o objetivo de minar a oposição e preservar o poder do Presidente João Lourenço.
Nesta nova fase, ao saber que altos quadros da direção do partido defendiam um congresso democrático, João Lourenço convocou o general José Tavares Ferreira para participar de um encontro em que atacou pessoalmente o histórico do MPLA, Julião Paulo “Dino Matross”. No final de agosto, convocou os CAP do MPLA para uma reunião, onde expôs o tema, abrindo caminho para uma campanha de insultos públicos, nas quais veteranos como Fernando da Piedade Dias dos Santos e Dino Matross foram os principais alvos nas redes sociais.