LUANDA — A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) disse, numa radiografia feita ao país, que o mesmo continua “marcado negativamente” pela pobreza, fome e subdesenvolvimento.
Fonte: VOA
No final da segunda Assembleia Ordinária Anual da CEAST, que decorreu de 24 a 28 de setembro, na Casa de Espiritualidade Mamã Muxima, em Luanda, o porta-voz e bispo de Cabinda, Dom Belmiro Chissengueti, exortou ainda o Governo a priorizar políticas para reduzir o custo da cesta básica.
“A carga fiscal, como está, é insustentável para as famílias e para as empresas. O Governo precisa de agir agora antes que as consequências sejam irreversíveis”, afirmou o porta-voz, que apontou ainda "os impostos elevados" como "os principais responsáveis pela falência de inúmeras empresas nacionais, o que pode levar à perigosa perda da independência económica do país, com efeitos nefastos para a sociedade".
No seu apelo, os bispos reforçaram que a luta contra a fome deve ser prioridade absoluta.
“Nenhuma nação pode sobreviver com a barriga vazia”, reiterou o porta-voz, dando eco à constatação dos líderes católicos de que a situação social é precária e em permanente degradação.
A CEAST manifestou também a sua profunda preocupação pela exclusão de milhares de crianças do sistema de ensino.
“Não podemos construir uma sociedade sólida sem garantir educação para as nossas crianças”, frisou o bispo, sublinhando que a violência infantil e o consumo de drogas continuam a aumentar, uma situação que classificam como “vergonhosa”.
Linguagem política-partidária "longe de incluir"
Dom Belmiro Chissengueti acrescentou que a linguagem político-partidária ainda "está muito longe de incluir, reconciliar, pacificar, unir, alegrar, animar e de reacender a esperança".
No entendimento dos bispos, continua-se a "agir na base da intriga, da falsidade, do ódio, da calúnia, da indiferença, da discriminação, da bajulação, do calculismo, do egoísmo, da divisão e do descompromisso com o bem comum e, sobretudo, contra o bem dos mais desfavorecidos".
Os bispos manifestaram ainda a sua preocupação pela bipolarização política da população angolana e alertou para a iminente perda da independência económica do país.
A assembleia reconduziu a direção da CEAST para mais um triénio (2024-2027), liderada pelo arcebispo José Manuel Imbamba.