Luanda - O MPLA prepara-se para realizar o seu congresso em dezembro deste ano. Como parte dos preparativos, o ajustamento de estratégias e a manifestação dos candidatos têm ganhado força, tanto a nível das bases e estruturas intermédias do partido, como na sociedade civil. Muitos aguardam por múltiplas candidaturas, incluindo figuras já conhecidas na arena política angolana, como o General Higino Lopes Carneiro, Fernando da Piedade Dias dos Santos (Nandó) e o engenheiro António Venâncio. Este último teve a sua candidatura rejeitada pelo Tribunal Constitucional às vésperas das eleições de 2022, que resultaram na reeleição do Presidente João Lourenço para mais um mandato de cinco anos.

Fonte: Club-k.net

Caso se concretizem várias candidaturas à liderança máxima do MPLA, será um marco histórico no partido, que até agora nunca enfrentou tal cenário. Isso pode sinalizar o início de uma verdadeira democracia dentro do partido, ao permitir múltiplas candidaturas em pleitos eleitorais. Embora haja especulações, ainda paira algum secretismo quanto a quem efetivamente se apresentará, já que até o momento não está definido se o MPLA abrirá mão de uma candidatura única.

 

Algumas figuras de peso dentro do MPLA são favoráveis à pluralidade de candidaturas, mas até agora, isso não passa de especulações, podendo ou não tornar-se realidade. Na opinião de um militante do MPLA e primeiro secretário do CAP 08 do Bairro Vila Alice, no Distrito Urbano do Rangel, é recomendável que sejam feitas algumas concessões internas. Ele afirma que o Presidente João Lourenço e o Conselho de Honra, composto por nomes como Dino Matrosse, Roberto de Almeida, Desidério Costa, Fernando da Piedade Dias dos Santos (Nandó), entre outros, devem evitar esticar demasiado a corda, sob o risco de comprometer a permanência do partido no poder.

 

Recentemente, o Presidente João Lourenço, num encontro com as bases, exortou os jovens a ocuparem cargos governativos. No entanto, essa ideia não foi bem recebida por muitos, que a interpretaram como uma tentativa de marginalizar os mais velhos, jogando-os ao esquecimento sem honra. Como jovem militante, faço um apelo para que os jovens mantenham a calma e não ajam por emoção, na ânsia de ocupar cargos no Executivo ou de chegar ao Bureau Político/Comitê Central do MPLA, sem contribuir positivamente para o desenvolvimento do país. Calma, calma, calma!

 

O MPLA precisa se libertar de algumas atitudes menos abonatórias que têm manchado a imagem do partido ao longo dos anos. A reconciliação com o eleitorado, especialmente com o povo angolano, que se mostra descontente com o elevado custo de vida, é crucial. O Presidente João Lourenço deve fazer uma introspeção e reavaliar aqueles que o rodeiam, tanto no topo do partido quanto no Executivo, pois muitos não têm feito o seu trabalho corretamente, o que prejudica a sua governação e desgasta a sua imagem.

 

O próximo congresso do MPLA deve ser um momento de reconciliação com as estruturas internas do partido, desde o topo até à base, e deve abandonar práticas do passado para abraçar o presente e preparar o futuro.

 

Atenciosamente,
José Carlos Quintas, Escritor, Formador e Palestrante
Militante do MPLA e Primeiro Secretário do CAP 08 da Vila Alice/Rangel