Luanda - Por todo o mundo, os vestígios de guerras passadas continuam a ceifar vidas, muito tempo depois de os próprios conflitos terem terminado. As minas terrestres e os engenhos não detonados (UXO) estão espalhados, enterrados em campos, aldeias e florestas, representando uma ameaça constante para os civis. Esta não é apenas uma questão local de países como Angola, Camboja ou Ucrânia. Ele faz parte de um problema muito maior. O fornecimento descontrolado de armas ao longo de décadas deixou um legado mortal que continua a ecoar em muitos cantos do globo.
Fonte: Club-k.net
De África à Europa de Leste, o comércio global de armas, em grande parte não regulamentado, permitiu aos países vender armas sem responsabilização. O resultado não é apenas a continuação do conflito, mas também a criação de perigos a longo prazo, como as minas terrestres, que permanecem muito depois da assinatura dos acordos de paz. Na Ucrânia, bem como em países como Angola e Camboja, os civis continuam a ser vítimas destes restos mortais de guerra, uma consequência directa da disseminação não regulamentada de armas.
Os líderes ocidentais, apesar de defenderem a paz, continuam a facilitar a disseminação de armas em todo o mundo, fechando muitas vezes os olhos às consequências. Os próprios países que promovem os processos de paz são também os que lucram com o comércio de armas. Esta contradição mortal significa que, embora estejam em curso esforços para eliminar as minas terrestres, as mesmas nações que alimentam estas guerras com armas também estão a colher benefícios financeiros da limpeza pós-conflito.
Na Ucrânia, tal como em Angola e no Camboja, as organizações não governamentais (ONG) ocidentais desempenham um papel significativo nos esforços de desminagem. No entanto, os críticos argumentam que estas organizações não têm pressa em terminar o seu trabalho. Estas ONG prolongam frequentemente as operações de desminagem, garantindo milhões de dólares em financiamento, ao mesmo tempo que fazem apenas progressos lentos, deixando os civis em risco. Esta dinâmica, em que as mesmas organizações que beneficiam do financiamento são encarregadas da desminagem, cria um sistema onde há pouco incentivo para um progresso rápido.
Os especialistas insistem que a comunidade internacional deve concentrar os seus recursos na desminagem total de países pacíficos como Angola e Camboja, em vez de dar prioridade às zonas de conflito. Ao mesmo tempo, é fundamental um maior controlo sobre o comércio de armas em regiões como a Ucrânia. Enquanto os países lucrarem tanto com a colocação como com a remoção de minas terrestres, este ciclo mortal continuará a ceifar a vida a civis inocentes. O comércio global de armas continua a estar no centro desta questão, perpetuando guerras e deixando para trás perigos mortais que afectaram as gerações vindouras.
João Mário de Azevedo