Luanda -  Sempre disse que este país, sobretudo o país político, tinha (e continua a ter) graves problemas de memória, mas nunca imaginei que os seus "esquecimentos" pudessem ir tão longe.

 

Fonte: morrodamainga


Nunca imaginei que uma organização como a União dos Jornalistas Angolanos (UJA), da qual sou membro fundador, criada bem no inicio da década de 80, no Hotel Costa do Sol, já não se lembrasse de quem foi o seu primeiro Secretário-Geral.

 

Contrariamente ao que foi dito agora em comunicado pela UJA e pelo seu patrono, o Secretariado do BP do MPLA, Mário Lopes Guerra que este sábado vai a enterrar não foi o primeiro SG da União que deu a todos nós a primeira carteira profissional. Mas também deu a muita gente que não tinha nada a ver com o jornalismo. Por estas e por outras razões a carteira da UJA ficou famosa.


A minha tem a ref- 037/LDA/UJA 246.


O primeiro SG da UJA indicado pelo BP do MPLA foi Fernando da Costa Andrade(Ndunduma), tendo esta questão da indicação vs eleição suscitado alguma polémica no decorrer da conferência constitutiva da organização. Terei sido eu a pessoa que levantou a maka pois não concordava que no comunicado final ficasse expresso que o SG tinha sido eleito por todos nós.

 

De acordo com o que me lembro deveria ficar claro que, antes de mais, Ndunduma tinha sido nomeado pelo BP MPLA para ocupar o cargo de SG da UJA.


Na altura, a mesa do encontro que proclamou a UJA era presidida por Miguel de Carvalho (Wadijimbi) na sua qualidade de Director de Informação e Propaganda do MPLA (DIP). A minha pretensão não foi nada bem acolhida e já não me lembro em que termos foi lavrada a Declaração da Proclamação da UJA.


Curiosamente Wadijimbi foi o último SG da UJA eleito em Congresso, cargo que mantém até aos dias de hoje, enquanto se continua a aguardar (!?!?) que a direcção da União renove os seu expiradíssimo mandato.


Costa Andrade não terá, entretanto, ficado muito tempo à frente da UJA, pois acabou por ser preso pela segurança na sequência da famosa maka da peça e do quadro, que o afastou durante muito anos da vida política local, assim como outros seus companheiros que participaram do mesmo projecto. Ndunduma foi o único que acabou na cadeia.


Acho que é aí que entra em cena Mário Guerra mas também já não lembro exactamente como é que o falecido foi lá parar, o que tentarei saber próximamente.