Luanda - A exoneração de Eugénio César Laborinho do cargo de ministro do Interior o encontrou em Portugal. O dirigente estava na capital portuguesa quando se preparava para embarcar em um voo para o Chile, onde participaria de uma reunião da Interpol.
Fonte: Club-k.net
PRESIDENTE VOLTA AFASTAR SEM AVISAR
O governante deixou o país na noite de quarta-feira após ter sido autorizado por João Lourenço a se ausentar para a missão de serviço no exterior. No entanto, quando o ministro se encontrava em Lisboa, foi surpreendido pelas redes sociais com notícias sobre a sua exoneração. O comandante-geral da Polícia Nacional, Arnaldo Carlos, também faz parte da delegação encabeçado pelo exonerado ministro.
Em janeiro de 2022, João Lourenço teria feito o mesmo com Paulo de Almeida, o então comandante da Polícia Nacional, que foi exonerado enquanto participava de uma reunião na República do Congo-Brazzaville. Desde então, surgiram críticas sobre a falta de cortesia em exonerar governantes sem antes consultá-las.
Ao todo, João Lourenço já exonerou sete governantes sem informá-los previamente. O caso mais mediático foi o da antiga ministra da Família, Victória Francisco Correia da Conceição, que, em janeiro de 2019, ao saber da sua exoneração pela televisão, tentou tirar a própria vida.
A exoneração de Eugénio Laborinho do Ministério do Interior é vista em Luanda como resultado de uma disputa de influência com outra ala da segurança do Estado. Segundo apurações, depois de 2020, houve divergências entre o Ministério do Interior e o Serviço de Inteligência e Segurança do Estado (SINSE) quando uma proposta atribuída ao general Miala sugeriu o controle do Serviço de Migração e Estrangeiros (SME) e da polícia de fronteira. Lourenço teria declinado a sugestão. Na semana passada, Lourenço afastou a direção do SME e da SIC, nomeando em seus lugares dois altos funcionários dos serviços de inteligência da confiança de Fernando Miala.
O afastamento de Laborinho também foi precedido de denúncias do chefe da Casa Militar, general Francisco Furtado, insinuando a ocorrência de contrabando de combustível praticado por comandantes da Polícia Nacional. A ausência de provas para sustentar a denúncia gerou versões de que as alegações levantadas por Furtado fariam parte de um complô contra o ministro do Interior, com o objetivo de criar argumentos para a sua exoneração, que já estava prevista.