Luanda - A agricultura e a gestão sustentável das florestas são pilares fundamentais para o desenvolvimento de qualquer nação, especialmente em países com grandes desafios sociais e económicos, como o nosso. O novo Ministro da Agricultura e Floresta tem uma responsabilidade crucial em mãos, não apenas para promover a modernização do setor agrícola, mas também para enfrentar a pobreza rural e a fome, ao mesmo tempo em que assegura a preservação ambiental. Para tanto, é necessário implementar políticas públicas que integrem inovação, sustentabilidade e solidariedade. Este artigo visa sugerir algumas iniciativas concretas que o novo ministro pode aplicar para melhorar a agricultura no país e oferecer exemplos de boas práticas internacionais que poderiam ser adaptadas ao contexto local.

Fonte: Club-k.net

1. Promoção da Agricultura Sustentável e Agroecologia

A agricultura convencional, muitas vezes dependente de monoculturas e do uso intensivo de produtos químicos, tem mostrado não ser viável a longo prazo, devido ao esgotamento dos solos e à degradação ambiental. A agroecologia, que respeita os ciclos naturais e promove uma agricultura diversificada, é uma abordagem que pode trazer benefícios significativos. O novo ministro poderia incentivar a transição para modelos de cultivo que promovam a saúde dos solos, a biodiversidade e a produção de alimentos locais, ao mesmo tempo em que garantem a segurança alimentar.

Exemplo prático: O Brasil, através do programa “Agroecologia e Produção Orgânica”, tem incentivado pequenos e médios produtores a adotar práticas agroecológicas, com apoio técnico e financeiro. Este modelo pode ser adaptado ao nosso país, com a criação de incentivos fiscais e acesso a microcréditos para pequenos agricultores que adotem práticas sustentáveis.

 

2. Fomento à Agricultura Familiar e Cooperativismo

A agricultura familiar representa uma proporção significativa da produção alimentar em muitos países, incluindo o nosso, e é crucial para garantir a segurança alimentar. No entanto, esses agricultores enfrentam uma série de dificuldades, como o acesso limitado a mercados, financiamento e tecnologia. O governo pode apoiar essas famílias por meio de programas de capacitação, acesso a créditos com juros baixos e infraestrutura de armazenamento e transporte.

Exemplo prático: O modelo da “Rede de Comercialização Solidária” da Venezuela, que envolve agricultores familiares em cooperativas e associações para fortalecer o acesso ao mercado, pode ser uma inspiração. Criar um sistema de cooperativas agrícolas no país, que possibilite aos pequenos produtores ter maior poder de negociação e acesso a mercados mais amplos, seria uma medida vantajosa.

3. Investimentos em Infraestrutura Rural e Tecnologia

A falta de infraestrutura adequada, como estradas, sistemas de irrigação e armazenagem, é uma das maiores barreiras ao desenvolvimento agrícola. Investir em infraestrutura rural moderna e acessível é fundamental para reduzir perdas pós-colheita, melhorar a distribuição de alimentos e aumentar a produtividade. O uso de tecnologias adequadas, como sistemas de irrigação eficiente e drones para monitoramento de colheitas, pode ser decisivo para aumentar a produção sem degradar o meio ambiente.

Exemplo prático: Em Israel, o uso de tecnologias de irrigação por gotejamento e outras inovações tecnológicas permitiram transformar regiões áridas em áreas altamente produtivas. A adaptação dessas tecnologias ao contexto local, com a criação de centros de formação e apoio à inovação, pode ser uma solução eficaz para a agricultura no nosso país.

4. Desenvolvimento de Programas de Incentivo à Produção e Consumo de Alimentos Locais

A promoção do consumo de alimentos locais não só fortalece a agricultura nacional como reduz a dependência de importações e pode gerar empregos. O governo pode criar campanhas educativas para sensibilizar a população sobre os benefícios dos produtos locais e incentivar a agricultura regional, ao mesmo tempo em que apoia a comercialização desses produtos em mercados urbanos.

Exemplo prático: A Índia implementou o programa “Eat Local, Buy Local”, incentivando a população a consumir alimentos cultivados localmente. Isso não só fortaleceu a economia local, mas também contribuiu para a redução da fome e a melhoria das condições de vida nas zonas rurais.

5. Aproveitamento Sustentável das Florestas

As florestas, além de fornecerem recursos essenciais como madeira, frutos e resinas, são também importantes para o equilíbrio ecológico e a regulação do clima. O novo ministro pode buscar formas inovadoras de exploração das florestas de maneira sustentável, promovendo a silvicultura responsável e o ecoturismo, além de incentivar a utilização de produtos não-madeireiros.

Ideias criativas:


• Silvicultura comunitária: Um modelo de gestão florestal onde as comunidades locais sejam envolvidas diretamente na administração das florestas, com incentivos à exploração sustentável de produtos não-madeireiros, como mel, frutos, plantas medicinais e resinas. Esse modelo tem sido adotado com sucesso em países como a Malásia e o México.

• Ecoturismo: O ecoturismo pode ser uma importante fonte de receita para as comunidades locais e uma forma de promover a preservação das florestas. Criar áreas de preservação e promover o turismo sustentável em regiões com biodiversidade rica poderia gerar empregos e aumentar a conscientização sobre a importância da conservação florestal.

• Bioprodutos: O desenvolvimento de uma indústria local de bioprodutos, como cosméticos, medicamentos e biocombustíveis, a partir de recursos florestais sustentáveis, pode não apenas aumentar a renda das comunidades, mas também impulsionar a inovação em setores chave.

Conclusão

O novo Ministro da Agricultura e Floresta tem uma oportunidade ímpar de reformular e dinamizar o setor agrícola do país, adotando uma abordagem integrada que promova a sustentabilidade, a inovação e o fortalecimento da economia local. A implementação de políticas públicas voltadas para a agroecologia, o apoio à agricultura familiar, o investimento em infraestrutura rural e a exploração sustentável das florestas são passos essenciais para combater a fome e garantir a segurança alimentar. Além disso, olhar para as melhores práticas internacionais e adaptá-las à realidade local pode acelerar os resultados e assegurar um futuro mais próspero para todos os cidadãos.

Este é o momento de agir com prudência e coragem, pois a transformação do setor agrícola pode, sem dúvida, ser o motor de um desenvolvimento mais inclusivo, sustentável e próspero para o país.