Luanda - “J’Accuse!” foi uma carta aberta de Émile Zola publicada originalmente em 1898, em forma de um artigo de jornal, transformada em livro anos depois. O texto é uma denúncia do caso Dreyfus (um escândalo político que abalou a França no final do século XIX) no qual o autor acusava o governo francês de antissemita e de injustiça no tratamento de Alfred Dreyfus, um oficial do exército judeu que foi erroneamente condenado por traição. Zola criticava a condenação de Dreyfus baseada em provas forjadas e apelava para que o caso fosse revisto, clamando por justiça e revelando os erros judiciais cometidos. A publicação de “J’Accuse!” foi um marco na história do Jornalismo e dos Direitos Humanos, influenciando a reabertura do caso e, eventualmente, a exoneração de Dreyfus.

Fonte: Club-k.net

A administração do Estado angolano tem sido solapada com sucesso. Os autores são os “auxiliares” para quem recai a graça e a empatia política do Presidente da República. João Lourenço tem sido diuturnamente desleal pelos seus mais directos colaboradores. José Ribeiro é um jornalista sério e homem probo. Foi presidente do Conselho de Administração da Edições Novembro. Há dias fez uma denúncia nas Redes Sociais que num País sério suscitaria a indignação da classe jornalística e concitaria a Procuradoria-Geral da República a entrar em cena.


A denúncia foi sobre o “eleito” por João Lourenço para o cargo de ministro da Comunicação Social no seu primeiro Governo: O jornalista e poeta João Melo. Eis a imputação de José Ribeiro: “Que figurão! O ministro que destruiu a Comunicação Social angolana em 2017, saneando jornalistas e fechando projectos inovadores e apoiou o golpe de perseguição a empresários e a destruição da economia de Angola diz que se vai internacionalizar. Que figurão!” .


O jornalista José Ribeiro fez esta recriminação em reação a uma entrevista concedida recentemente ao Jornal de Angola em que João Melo revela ter decidido dedicar-se exclusivamente à escrita e à internacionalização do seu trabalho. José Ribeiro sabe do que fala. E quem fala assim não é gago. Até onde se sabe, João Melo não se justificou. Reza o ditado que o silêncio é sinónimo de consentimento. O facto de um jornalista destruir a Comunicação Social e sanear jornalistas convoca a mais profunda estupefação. Mexe com os meus nervos e indignação. Tenho o direito de me indignar até João Melo vir a público desdizer a acusação de José Ribeiro. Sempre tive o maior dos respeitos por João Melo. Custa-me crer que enquanto ministro tenha sido um censor e saneador radical contrariando os desígnios do PR e TPE neste domínio.


Enquanto não houver um esclarecimento público sobre a delação de José Ribeiro, o País e os jornalistas em particular têm o direito de pensar que João Melo contrariou a vontade do Presidente da República consubstanciada na abertura da Comunicação Social. João Lourenço desconhecia que tinha um “lápis azul”no seu Governo. Um censor que remou no sentido inverso da Liberdade de Imprensa. Estou de queixo caído. Jamais imaginei que um jornalista alçado para o Executivo trabalharia para prejudicar jornalistas e deitar abaixo empresas jornalísticas. Às vezes tenho para mim que nunca faltou vontade a João Lourenço. Tenho para mim que a informação que lhe chega à mesa de trabalho é de pouca qualidade. E que o pessoal que o rodeia…