Luanda - A menos de duas semanas da tomada de posse do novo presidente americano, Donald Trump, o mundo está a agitar-se com algumas declarações bombásticas do novo inquilino da Casa Branca em matéria de política externa.

Fonte: Club-k.net

O continente africano tem estado, por ora, completamente apartado das linhas de força do seu pensamento estratégico como líder da nação com maior poder militar e econômico a face da terra.

 

Ao integrar Elon Musk na sua equipa principal de trabalho, o que não se deverá esperar é a manutenção do “status-quo”. Haverá mudanças e algumas poderão ser o prenúncio de uma nova era, cujo alcance e consequências são totalmente imprevisíveis face aos nossos conceitos contemporâneos de Estado e sua soberania baseados na velha máxima latina de Jean Bodin “ qui non superiorum habent”.

 

Bodin, um filósofo político do século XVI, desenvolveu a ideia de soberania como o poder supremo e absoluto dentro de um território. Para ele, a soberania constitui o atributo essencial do Estado, diferenciando-o de outras formas de organização política.

 

Essa expressão indica que soberania é o poder máximo e independente que governa um território, sendo a última instância de decisão, capaz de criar e revogar leis, e não estando sujeito às leis feitas por outros.

Com a dupla Trump/ Musk, quais os cuidados Angola deve ter na gestão da sua política externa face a expectativa de ocorrer uma mudança na política externa da administração americana?

Ao contrario de Joe Biden, a Administração Trump no seu mandato anterior não incrementou relações de destaque com os países do continente africano. Existem informações intrigantes, não confirmadas oficialmente, de que nenhum dignitário africano integra a lista de convidados para a sua tomada de posse.

O que quer que aconteça, é crucial que Angola esteja preparada para o surgimento de algumas mudanças na dinâmica da relação estratégica com os Estados Unidos, diante da perspectiva das novas prioridades da administração liderada por Donald Trump, que toma posse no próximo dia 21 de Janeiro de 2025.

As relações internacionais pautam-se por dinâmicas que obrigam a avaliações permanentes das prioridades de cada Estado nas suas relações com os demais.

Contudo, ainda com o sabor do sucesso recente, Angola deve fazer mais do que tem feito. E pode e deve fazê-lo. No caso específico das relações com os EUA, Angola deve adoptar uma abordagem cautelosa e estratégica, na gestão da sua política externa, face a expectativa de mudança brusca à moda Trump, nas prioridades da administração americana.

Durante o mandato anterior de Trump, as relações com o continente africano foram marcadas por uma abordagem menos engajada, quando comparada com as administrações antecedentes.

É isso que nos parece crucial. Que Angola esteja preparada para possíveis alterações na dinâmica das relações bilaterais com os Estados Unidos durante o mandato da nova administração.