Luanda - A Guerra de Transição em Angola ocorreu entre 1974 e 1975. Foi dura e intensa. Foi brutal. Demandou sacrifício e entrega. Patriotismo e nervo. Engenho e imaginação. Músculo e força. O MPLA saiu na linha da frente. Estava na pole-position da luta pela emancipação política de Angola. As Forças Armadas de Libertação Populares de Angola (FAPLA) eram o braço armado do MPLA. Bateram-se de forma estóica. Foi difícil! O País estava a ser alvo de uma invasão silenciosa. O exército zairense apoiado por mercenários tentava penetrar pelo norte. As Forças de Defesa Sul-Africanas (SADF) pelo sul em direcção a Luanda. Objectivo: Impedir a proclamação da independência da República Popular de Angola (RPA) a 11 de Novembro de 1975.
Fonte: Club-k.net
O exclave de Cabinda também estava sob assalto. O MPLA estava à nora. A sua direcção estava aflita. O presidente do “movimento” levou as mãos à cabeça. Desespero total! Agostinho Neto viu-se na contingência de apelar ao apoio do PAIGC que mandou sem pestanejar artilheiros para defender a província mais a norte do País. A FRELIMO também apoiou. Um apoio que radicava na afinidade ideológica existente entre o MPLA e os partidos que se bateram pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde e de Moçambique. Resultado: Tropas bissau-guineenses fizeram uma defesa de Cabinda digna de Estalinegrado. Há mortos da Guiné-Bissau no chão de Cabinda. Samora Machel mandou combatentes da FRELIMO. A defesa antiaérea de Luanda esteve a cargo dos mesmos. Os moçambicanos jorraram o seu sangue e suor em solo angolano. Não houve lágrimas. Só bravura! Só valentia! Tudo para defender o MPLA e o seu propósito-maior.
Os dias eram incertos. O futuro era uma incógnita. Os cofres do Banco de Angola (BA) estavam a abarrotar de dinheiro. Era preciso pô-lo a salvo. A direcção do MPLA decidiu transferir todo dinheiro dos cofres do BA para Moçambique. A operação foi feita três meses antes da proclamação da Independência. A ideia foi de Carlos Rocha Dilolwa, Saydi Minhas com o assentimento de Agostinho Neto. Que fique registado: Moçambique ajudou muito Angola meses antes da sua emancipação política.
O presidente de Angola e do MPLA trocou Maputo por Paris. Não vai prestigiar a tomada de posse Daniel de Chapo nas próximas 24 horas como chefe de Estado de Moçambique. Para João Lourenço o mais importante é o que vai tratar com seu homólogo Emmanuel Macron no Palais de l’Élysé em Paris-França. A ausência de João Lourenço na tomada de posse do novo presidente moçambicano é um virar de costas à FRELIMO. O partido no poder em Moçambique ajudou o MPLA a bater-se contra todos os que conspiravam contra a independência de Angola.
A FRELIMO contribuiu de forma decisiva para que botas militares estrangeiras e mercenárias não marchassem por Luanda. Que os “soldados da fortuna” cantassem vitória no Largo Primeiro de Maio. Que as mãos sujas de sangue não arreiassem a bandeira da RPA do mastro da nossa soberania. O desagradecimento de Angola a Moçambique é condenável. É imensurável. Não tem conta nem medida. Falando rápido e bem: João Lourenço é o presidente da ingratidão!