Luanda - É sempre com profundo respeito que faço referência aos soldados das extintas Forças Armadas Patrióticas e Revolucionárias de Libertação de Angola (FALA), braço armado da UNITA. Eles merecem a minha maior admiração, pois combateram o bom combate. Contribuíram na luta pela independência nacional e, com o seu suor, derrubaram o Partido Único, implementando a Democracia Multipartidária em 1991. Não foi fácil! Foi necessário incutir no homem o espírito de sacrifício, organização, disciplina e solidariedade, entre outros valores revolucionários. Naquela época, havia um lema: "o soldado das FALA é disciplinado e organizado". Isto era levado muito a sério por todos e em todas as circunstâncias.
Fonte: Club-k.net
Mesmo após a morte em combate do Dr. Savimbi, os soldados mantiveram a mesma postura: disciplinados. Apesar do abalo, não se tornaram bandos errantes, aguardaram humildemente pelas orientações superiores. Quando, a 13 de Março de 2002, o então Secretário-Geral do Partido, Lukamba Paulo Gato, na qualidade de Coordenador da Comissão de Gestão, ordenou, a partir da sua trincheira nas matas do Leste de Angola, o cessar-fogo unilateral em todo o território nacional, os militares, incluindo os comandantes que desejavam vingar a morte do Alto-Comandante das FALA, Jonas Malheiro Savimbi, obedeceram escrupulosamente... Não houve mais um único disparo de arma de fogo. Os que se preparavam para acções de retaliação desfizeram as emboscadas e recolheram-se para os seus acampamentos. Quando chegou o momento de entregar as armas, granadas e bombas, entregaram tudo o que possuíam. Não esconderam nem sequer uma pistola. Com isso, permitiram a assinatura do Memorando do Luena, a 4 de Abril de 2002, que pôs termo ao conflito armado.
Assinada a paz, vários ex-combatentes das FALA, incluindo alguns das ex-FAPLA, não usufruem da sua merecida pensão de reforma na Caixa de Segurança Social das FAA. Entre os que recebem, nem todos ganham 100% do valor. Especula-se que o Ministério das Finanças paga as pensões com base nas patentes de cada um, mas a Caixa paga em função da idade. Se isso for verdade, é imperativo repor a legalidade, pois a vida está difícil para eles.
Felizmente, como os ex-militares são disciplinados, não se envolvem em confusões nem andam pelas ruas a pedir esmola, preferem dedicar-se a trabalhos humildes, como roboteiros e não só. Contudo, não deveria ser este o destino daqueles que sacrificaram a sua juventude na luta por uma Angola mais justa e igual para todos os seus filhos.
O meu maior respeito a todos os ex-militares!
Luanda, 23 de Janeiro de 2025
Gerson Prata