Luanda - Maria Kikwambi António Sobrinho, uma das sobreviventes do massacre no Zenza do Itombe contra o comboio que fazia a rota Luanda/Dondo, em 2001, pede ajuda para sobreviver. Passados nove anos, a vítima do ataque à composição precisa de ajuda. Agora que o comboio circula em paz e até já foi recebido em festa na estação do Zenza, a jovem diz que jamais pode esquecer o que aconteceu, porque por ironia era o dia do seu aniversário.


Fonte: JA


Maria Sobrinho disse ao Jornal de Angola que sofreu graves queimaduras em quase todo o corpo, “perdi dois braços e fiquei com problemas de visão”. A jovem conta que quando tentava fugir do comboio em chamas “fui atingida por uma bala na perna direita durante a chacina”. Maria Sobrinho foi operada numa clínica do Brasil, em Fevereiro de 2005, para receber próteses mas ficou com o tratamento a meio e hoje considera-se uma pessoa esquecida pela sociedade: “tenho muitas dores e sinto-me inútil, não consigo fazer nada. A minha mãe e os meus irmãos fazem tudo para mim há quase nove anos. Apenas ando e falo, mas sinto muitas dores”.

 

Maria Sobrinho é a mais velha de seis irmãos. Vive com a família numa casa arrendada, localizada no bairro Prenda: “o meu pai morreu também durante umataque terrorista a um comboio”.


A jovem hoje recorda que o ataque aconteceu por volta das 11 horas da manhã: “eu tinha embarcado no comboio, ia ao Dondo comemorar o meu aniversário com os meus pais e irmãos. De repente, o massacre começou, ainda estávamos no Zenza”.

 

Maria Sobrinho explicou que ainda conseguiu sair do comboio: “começou aquela guerra toda, o comboio começou a arder e eu ainda consegui fugir. Mesmo depois de levar um tiro na perna consegui esconder-me na mata até que fui socorrida pelos agentes da Polícia Nacional. Levaram-me para um hospital, e fui transferida para Luanda, onde fui tratada às queimaduras no Hospital Neves Bendinha. Fiquei 10 meses internada e depois fui continuar o tratamento no Brasil”, rematou.

 

Maria Kikwambi António Sobrinho é natural do município do Dondo, província do Kwanza-Norte, e completa 31 anos, no dia 10 de Agosto, dia em que sofreu o acidente.