Luanda - Se há coisa que funciona com perfeição na política angolana, independentemente do partido, é a hereditariedade do poder. Se no Ocidente as monarquias são declaradas e os reis passam a coroa solenemente aos seus filhos, por aqui a prática é a mesma, só que sem coroas nem cerimónias de sucessão. O método é mais sofisticado: eleições controladas, nomeações estratégicas e, claro, um apelido de peso.

Fonte: Club-k.net

O grande segredo do poder político em Angola não é a competência, muito menos o mérito. Nada disso! O que realmente importa é o ADN, a árvore genealógica e, se possível, um vínculo tribal sólido que garanta a continuidade do feudo familiar dentro do Estado.

Se não, vejamos:

1. Navita Ngolo — A filha do "renovado" Manuvakola aprendeu desde cedo que o melhor plano de carreira não é um MBA, mas sim ter um pai que soube virar a casaca no momento certo. Hoje, Navita brilha na Assembleia Nacional, provando que o bilhete dourado para o poder muitas vezes é um sobrenome e não uma tese sobre políticas públicas.

2. Ariane Rebeca Nhany — Quando se é filha de um antigo secretário-geral, o caminho até ao Parlamento é mais curto do que a fila num hospital público para um dirigente. Ariane, com toda a certeza, entende muito bem o "sacrifício" que é nascer numa família politicamente abençoada.

3. Adriano Sapinala e família — Aqui temos um caso de sucesso absoluto! Pai, mãe e filho, todos deputados. Um verdadeiro "trio familiar legislativo". O Parlamento, afinal, não é a casa do povo, mas a sala de estar dos bem-nascidos. E como se não bastasse, ainda tem o irmão na liderança da juventude do partido! Isso não é uma família, é um cartório político hereditário.

4. Rafael Massanga Savimbi — Bem, neste caso, nem há muito o que explicar. Quando o apelido é "Savimbi", já se sabe que a cadeira parlamentar está garantida.

5. Deval Chiwale — Mais um herdeiro do trono político da UNITA. O seu currículo para a liderança da JURA em Portugal é imbatível: "Filho de Helena Bonguela e irmão de um deputado". Com esse tipo de qualificação, quem precisa de eleições internas?

O que vemos aqui não é simples nepotismo, é patrimonialismo de luxo! A política em Angola não é um campo aberto para talentos emergentes, mas sim um condomínio fechado onde só entra quem tem "sangue azul". Não importa a ideologia do partido, a regra é clara: o poder não se conquista, herda-se.

E para garantir que o feudo se mantém firme e forte, nada melhor do que um toque tribal: cada grupo etnolinguístico trata de colocar os seus no topo, enquanto o "povo" assiste à peça de teatro chamada "democracia". No fim do dia, Angola não tem partidos políticos, tem clãs com logótipos diferentes.

E assim, a política angolana segue firme, fiel à sua lógica monárquica disfarçada de república, onde o sobrenome certo vale mais do que qualquer competência. Viva a democracia dinástica!