Luanda - Sob o signo da Paz, segurança e desenvolvimento ameaçados pelo alastrar do conflito na RDC o presidente angolano João Lourenço assumiu hoje, 15 de fevereiro, em Adis-Abeba a presidência rotativa da maior organização do continente, a União Africana (UA), para o exercício de um mandato de um ano.

Fonte: Club-k.net

É a primeira vez que Angola alcança esta posição de destaque na organização, cuja antecessora, a O.U.A. (Organização de Unidade Africana, criada em 25 de maio de 1963, estava focada no objectivo da luta pela emancipação dos povos africanos das potências colonizadoras europeias e procurava juntar os Estados em prol de uma unidade pan-africanista virada para a promoção do progresso e desenvolvimento baseados em valores africanos.



A União Africana (U.A.) cuja presidência João Lourenço assumiu, foi proclamada em 11 de Julho de 2000, com o objectivo de promover a democracia, os direitos humanos e o desenvolvimento económico e social, entre os seus 54 membros que representam cerca de 1,3 mil milhões de pessoas.


A maior parte dos observadores concorda que o sucesso do novo mandatário da organização dependerá da sua capacidade de mobilizar os Estados membros com acções concretas em torno de prioridades cruciais em matéria de paz e segurança e da integração económica e desenvolvimento sustentável.


Por outro lado, este feito representa um marco significativo para Angola que vem coincidir com as celebrações em curso dos 50 anos da proclamação da independência. Pela primeira vez, o país alcança esta posição de destaque na principal organização africana.


Trata-se do reconhecimento da influência de Angola nas questões de segurança e paz no continente, sobretudo no conflito que se alastra no Leste da República Democrática do Congo, onde o movimento rebelde “M-23” supostamente apoiado pelo vizinho Rwanda, luta contra o governo do presidente Ettiénne Tshisekedi.

 

Para suportar o mandato do seu presidente na UA, Angola deve adaptar a sua política de relações internacionais a um cenário internacional que se apresenta cada vez mais complexo e volátil, investindo numa diplomacia de diversificação e fortalecimento de parcerias.

 

Cabe aqui citar a expressão "diplomacia qualificada" defendida por Paulino Lukamba (Universidade Katiavala Bwila), referente a uma abordagem de relações internacionais que enfatiza a importância de ter diplomatas bem treinados e experientes, capazes de negociar e resolver conflitos de maneira eficaz.

 

Essa forma de diplomacia busca não apenas a promoção de interesses nacionais, mas também a construção de parcerias e a manutenção da paz através do diálogo e do entendimento mútuo.

 

Fruto do investimento estrangeiro, o país procura atingir índices de crescimento económico capazes de aumentar as expectativas de melhorias significativas projectadas como uma realidade tangível na condição de vida dos angolanos.


Significa dizer, que o maior desafio para o Presidente João Lourenço resulta do reconhecimento de que, apenas o progresso multifacético da nação e a prosperidade dos seus cidadãos, conferirá a Angola a legitimidade de se posicionar como um dos líderes naturais do continente, com uma influência particularmente marcante na África Austral, na África Central e no Golfo da Guiné.


Esta posição estratégica permite a Angola não apenas defender os seus interesses nacionais, mas também actuar como um agente de estabilização num continente marcado por conflitos armados e retrocessos democráticos.


Angola possui condições únicas para liderar a luta pela verdadeira reconciliação do continente africano. A experiência acumulada em processos de pacificação e a capacidade de mediar relações entre civis e militares destacaram o país como um dos pilares na busca da estabilidade regional.


Os retrocessos democráticos em alguns Estados da África Ocidental, somados aos conflitos noutras regiões, demandam uma liderança forte e articulada. Angola tem como desafio demonstrar que é capaz de actuar como parte da solução para essas crises, não apenas por meio de sua força militar, uma das mais robustas do continente, mas sobretudo através de uma diplomacia activa e construtiva.

Boa sorte Presidente!