Luanda - Nada mais justo do que a UNITA, na sua incessante busca pelo estrelato opositor, importar gurus da subversão para nos ensinar a fazer oposição “como deve ser”. Porque, claro, a oposição nacional já não basta, é preciso um toque internacional de instabilidade. Venâncio Mondlane, esse ilustre paladino da democracia moçambicana, chega como um messias político, pronto para evangelizar os angolanos sobre como transformar protestos em caos e descontentamento em rebelião. O convite da UNITA para esta conferência cheira a desespero, como se buscassem um coach de insurreição política.
Fonte: Club-k.net
O mais caricato é que, entre tantos líderes de oposição disponíveis no mundo, a escolha recai sobre um homem cujo legado inclui um país onde jovens morreram aos montes em nome de sonhos políticos mal planeados. Mas quem se importa? O importante é parecer sofisticado, global e cheio de conexões internacionais, mesmo que seja com figuras que falharam redondamente nos seus próprios contextos. Será que a UNITA já garantiu o selo de qualidade da oposição importada? Ou será que estamos diante de um novo reality show: "Oposição em Angola – Edição Influencers da Insurreição"?
Agora, sejamos racionais: o Estado angolano, na sua missão de garantir que a estabilidade política não seja devorada por ideias lunáticas, preferiu barrar o acesso do irmão Mondlane. Não por medo, mas para evitar que Angola seja o palco da próxima grande performance de messianismo político. Afinal, se o país ainda não encontrou o modelo ideal de justiça e bem-estar, pelo menos já descobriu que não precisa de professores de insurreição estrangeiros.
E para a UNITA, um pequeno recado: a competitividade política deve ser entre nós, sem a necessidade de importar fracassos alheios. Ou será que a nova estratégia é terceirizar a oposição porque já se perdeu o jeito de fazer política em casa? Angola tem problemas, sim, mas o caminho para o poder não passa pelo desespero lunático de importar oposições perdedoras.
Agora, sobre o sistema de segurança nacional... Ah, esse é um capítulo à parte! Lúcido como sempre, nem precisaria barrar o Mondlane. Deixava entrar, porque aqui não é Moçambique, onde os jovens desistiram da luta institucional e adoptaram a política do "tudo ou nada". Em Angola, tudo é controlado, até reunião de formigas precisa de autorização. Podiam até permitir que o Mondlane entrasse e assistisse ao espectáculo: uma sala cheia de políticos sonhando com um golpe de sorte que os leve ao poder, mas sem uma estratégia real para conquistar o povo.
E assim, a conferência da UNITA vai-se tornando um evento tragicómico, onde se discute democracia sem legitimidade e governação sem poder. Mas, pelo menos, fica o entretenimento garantido.