Luanda – Um grupo de cerca de vinte oficiais das Forças Armadas Angolanas (FAA), composto por oficiais superiores, capitães e subalternos, encontra-se a realizar formação no Instituto de Defesa de Línguas (DLI), no Estado do Texas, EUA, desde Setembro de 2024. Contudo, os militares têm vindo a manifestar o seu descontentamento em relação ao Comando Central das FAA, acusando-o de não cumprir com os compromissos financeiros a que têm direito, nomeadamente o pagamento dos subsídios de embarque e bolsas.
Fonte: Club-k.net
Segundo os militares, esta situação não é inédita, com relatos de colegas a enfrentar problemas semelhantes em outros países como a Rússia e Cuba, onde a demora nos pagamentos dos subsídios pode prolongar-se por anos após o regresso ao país. "Isso é um insulto grave à nossa dignidade e paciência", desabafou um dos oficiais, visivelmente irritado.
Os militares referem ainda que, devido à desorganização das autoridades angolanas, foi a própria Embaixada Americana em Luanda que forneceu assistência financeira aos angolanos para alimentação durante a viagem. Este gesto, apesar de ser uma ajuda prática, foi recebido com grande constrangimento pelos oficiais. "Isso caiu-nos muito mal", disse um dos envolvidos.
De acordo com os oficiais, ao tentarem contactar a Direção de Finanças do Estado Maior General para resolver a situação, não obtiveram sucesso, pois as chamadas não foram atendidas. Além disso, o grupo inclui elementos femininos que também têm de enfrentar as dificuldades decorrentes da desorganização e irresponsabilidade da parte do governo angolano.
Neste momento, os oficiais angolanos recebem ajuda alimentar de uma igreja americana, o que, segundo eles, os coloca numa posição humilhante. "Somos tidos como pobres, miseráveis. Só nós, os angolanos. Que vergonha!", comentou um dos membros do grupo. Alguns colegas, para complementar as suas condições financeiras, têm recorrido a trabalhos temporários em restaurantes durante o período pós-aulas, apenas para conseguirem comprar bens como um iPhone ou uma boa calça jeans.
A situação tem gerado um forte sentimento de indignação entre os militares, que afirmam não ter sido tratados com a dignidade que merecem. "Somos os militares sem orgulho nem autoestima, no meio de mais de cinquenta nacionalidades", referem. De acordo com o grupo, a desorganização, a corrupção e a impunidade são problemas que predominam nas FAA, enquanto os chefes "fingem estar tudo bem".
Além disso, os oficiais angolanos denunciam que, até à data, não lhes foram entregues os cartões Visa, conforme estipulado. "Exigimos o pagamento dos nossos subsídios de embarque, os subsídios de bolsa, bem como os nossos cartões Visa", afirmam.
Por fim, os militares denunciam ainda um esquema de corrupção no Gabinete de Intercâmbio e Cooperação Internacional (GICI) do Estado Maior General das FAA, onde, segundo eles, um funcionário civil conhecido por Anildo, a mando de seus superiores, cobra uma taxa superior a trinta mil kwanzas por cada bolseiro.
Os oficiais angolanos exigem uma solução imediata para os problemas financeiros que enfrentam, declarando que "não querem conversas, querem o seu dinheiro". A situação tem gerado grande revolta entre os militares, que apelam à transparência e à justiça no cumprimento dos direitos de todos os envolvidos.