Luanda - Lubango, a bela capital da Huíla, conhecida pelo seu clima agradável e paisagens deslumbrantes, continua a surpreender – mas pelos motivos errados. Enquanto o mundo caminha para a transição energética e cidades africanas inovam com soluções sustentáveis, Lubango parece preso numa máquina do tempo, regressando, quem sabe, à Idade Média, quando a escuridão dominava as ruas e apenas tochas iluminavam o caminho.
Fonte: Club-k.net
Afinal, quem precisa de iluminação pública eficiente quando se pode tropeçar nas calçadas, evitar buracos às cegas e conviver pacificamente com assaltantes que operam sob o manto da escuridão? Certamente, manter as ruas mal iluminadas faz parte de um plano brilhante para treinar os cidadãos a desenvolver visão nocturna e habilidades de sobrevivência urbana.
Mas esperem… há uma solução! A energia solar e a energia eólica, já utilizadas em inúmeras cidades africanas, poderiam transformar Lubango numa referência de cidade moderna e sustentável. No entanto, parece que a administração municipal prefere manter a tradição da escuridão – afinal, velas e lanternas ainda fazem parte do imaginário nostálgico de muitos.
A Iluminação Pública: Um Luxo ou uma Necessidade?
Alguns podem argumentar que a iluminação pública não é uma prioridade. Talvez o objectivo seja criar um ambiente mais romântico para os casais que caminham pelas ruas escuras, como num filme antigo. Ou talvez seja um esforço para incentivar a criatividade da população – afinal, nada como um apagão para testar a capacidade de improvisação no trânsito e nas actividades nocturnas.
Mas vejamos os factos: segurança, economia e qualidade de vida estão directamente ligadas à iluminação pública. Estudos mostram que cidades bem iluminadas têm índices de criminalidade até 30% menores. Parece que os criminosos não gostam muito de actuar sob holofotes – será que Lubango está a criar um ambiente favorável para eles?
Sem contar o impacto económico. Cidades que investem em iluminação pública eficiente têm um comércio nocturno mais activo, atraem turistas e estimulam o desenvolvimento. Mas quem precisa de turistas e de um comércio vibrante quando se pode simplesmente fechar as portas ao pôr-do-sol e garantir que a cidade dorme cedo?
Lubango, a Capital do Sol Que Não Aproveita a Energia Solar
Ironia das ironias: Lubango é uma das cidades angolanas com maior incidência solar anual, com mais de 2.500 horas de sol por ano. Ou seja, há literalmente energia gratuita vinda do céu todos os dias, mas a cidade insiste em depender de uma rede eléctrica instável e cara.
Enquanto países como o Ruanda e o Quénia já utilizam postes solares autónomos para iluminação pública, em Lubango ainda se discute se a tecnologia funciona ou se o sol precisa de autorização governamental para ser aproveitado. Será que existe uma portaria municipal proibindo a luz solar de ser transformada em electricidade?
Além disso, a cidade está estrategicamente localizada numa região de ventos favoráveis, ideal para a instalação de mini-turbinas eólicas. Mas, aparentemente, a preferência continua a ser pelo método tradicional: esperar cortes de energia e rezar para que voltem rapidamente.
Soluções (Se Um Dia a Cidade Resolver Evoluir)
Se, por algum milagre, Lubango decidir abandonar a Idade das Trevas e ingressar no século XXI, algumas soluções poderiam ser implementadas:
✔️ Postes solares fotovoltaicos para iluminar ruas e avenidas, reduzindo os custos da administração pública.
✔️ Mini-turbinas eólicas para gerar energia limpa e sustentável, tornando a cidade menos dependente da rede nacional.
✔️ Pavimentos cinéticos que geram energia com o movimento dos peões – uma forma prática de transformar cada passo num pequeno contributo para a iluminação urbana.
✔️ Parcerias público-privadas para financiar e manter a iluminação pública sem sobrecarregar os cofres municipais.
✔️ Campanhas educativas para que os cidadãos compreendam a importância da transição energética e exijam soluções mais inteligentes.
Conclusão: Lubango Vai Acordar ou Continuará às Escuras?
A escolha é simples: continuar a ser um exemplo de ineficiência ou tornar-se um modelo de inovação e sustentabilidade. A tecnologia existe, os recursos naturais estão disponíveis e a necessidade é óbvia. O que falta?
Talvez apenas vontade política e um pouco de bom senso. Mas, enquanto isso não acontece, Lubango segue fiel ao seu compromisso com a escuridão – afinal, quem precisa de luz quando se pode confiar na sorte e numa lanterna de telemóvel?