Luanda - O problema não é que Angola não seja um interlocutor válido para o processo de mediação do conflito na RDC, o problema é que Angola não permite que o Congo seja vergado. E Lourenço tem enfrentado Kagame, por esta razão ele mudou o discurso acusando Angola de estar a ser parcial na mediação.

Fonte: Club-k.net

Vale lembrar que foi Angola (Lourenço) que mediou o conflito entre Kagame e Museveni na fronteira Gatuna/Katuna em 2020 este processo culminou com assinatura de um memorando e a libertação de prisioneiros, 20 ugandeses que andavam presos no Ruanda e Uganda libertou 13 cidadãos ruandeses.


Kagame é tão astuto que no primeiro consulado de Lourenço, ele queria estar mais próximo de Luanda para isolar Tshisekedi infelizmente não conseguiu, a partir daí Kagame deixou de ver Lourenço com bons olhos, ou seja, deixou de tratá-lo como "mano".


Em 1998 quando Laurent Kabila estava na eminência de cair, porque os Banaiyamolgue, RCD já tinham conquistado, Kintona, Kissangani até mesmo a barragem do Inga, onde chegaram mesmo a cortar energia de Kinshasa, porque o grande comandante ruandês James Kaberebe, na altura financiado por Ruanda estava com muita força, as operações eram articuladas a partir dos Kivus.


JES e Mugabe sabendo das astúcias de Kagame e Yoweri Kaguta Museveni, mandaram para lá um contingente militar, As FAA começaram suas incursões Cabinda-Matadi deram surra aos Baniyamulegues, conquistaram Banana, Kintona e Boma quebrando a cadeia de abastecimento que vinha de Ruanda para James Kaberebe.


Laurent Kabila tinha fugido para Lubumbashi, mas o grande objectivo dos rebeldes era tomar Kinshasa, tal como hoje o M23 diz.

Naquela altura, graças à pronta intervenção de Angola, porque os rebeldes tentaram ainda controlar o aeroporto de Njili, mas infelizmente foram derrotados.

Até então o que Kagame estrategicamente fez foi colocar a imagem do medianeiro angolano em desgaste, porque tem sido exigente com ele, no sentido de honrar os compromissos.

Tshisekedi anda frágil e sem saber o que fazer, não consegue derrotar o M23, correu recentemente à Bélgica, Kagame cortou relações com a Bélgica.
Agora foi a Qatar onde Kagame e M23 vão vergá-lo. E se não aceitar as condições que lhe forem impostas, o M23 vai intensificar os ataques e vão avançar sentido Kinshasa.


Nesta altura Kinshasa tem sido um verdadeiro palco de exercício da chamada "diplomacia dos bastidores". Os Ocidentais não querem que ele caia nas mãos dos Orientais, aliás, quando tentou fazer alguns contactos fora do meio ocidental, em Maio de 2024 mandaram-lhe uma mensagem clara, com aquela tentativa fracassada de golpe de Estado.

Tshisekedi deve ter muito cuidado para não acabar golpeado, o risco pode vir de dentro, foi assim que Rashidi, na altura, guarda pessoal de Laurent Kabila disparou moralmente contra ele e em seguida de forma misteriosa Edikapenda também eliminou Rashidi.

Em relação ao Qatar é preciso ter cuidado, aliás são vários as acusações que pesam sobre este país como um dos grandes financiadores de grupos rebeldes no Médio Oriente, vale lembrar mais uma vez do grupo empresarial libanês acusado de estar envolvidos no golpe contra Laurent Kabila.