As pessoas a consultavam a respeito de seus problemas enquanto ela se sentava sob uma palmeira na região montanhosa que se achava entre Ramá e Betel. Em virtude de seu ministério espiritual Débora ocupou um lugar único entre os juizes.

Foi à única que exerceu funções de árbitro e juiz antes de libertar seu povo. Ela tinha o dom de compor poesia; seu cântico guerreiro é uma obra-prima da antiga literatura hebraica. Débora é a mulher que enfrentou crise de guerrilha entre Israel e Canaã, ela tinha que mudar a situação de sua terra já que não tinha homem capaz.

Naquela época em Canaã existia um líder malvado que não dava sossego ao povo de Israel, seu nome era Sicera, este homem tirava o sossego, paz e tranqüilidade dos Israelitas.

O caso de Débora nos ensina que nem todas as mulheres em Israel se limitaram a ocupar papel de esposa e mãe.  Havia um desejo no coração dessas mulheres de promoverem mudança no contexto que viviam.

Débora tinha que mudar o sistema político de sua época, o sistema política era podre, ditatorial e triste na liderança de Sísera. Sísera era um general das forças cananéias, tinha uma vantagem de (900) novecentos carros reforçados de ferros, este Sísera era um mulherengo, cometia abuso de autoridade, não estava nem ai pra necessidades dos Israelitas. Naquela época os cananeus assolavam de tal maneira a terra, que os israelitas não se atreviam a transitar pelas ruas principais, mas sim viajavam de maneira escondida pelos caminhos montanhosos ou secundários que atravessavam os campos.

Com uma admoestação profética, Débora tentou animar Baraque “relâmpago” para que travasse uma guerra contra Sísera, Baraque teve medo de mandar seus 10.000 (dez mil) combatentes contra os cananeus, a menos que a profetisa (Débora) o acompanhasse. Baraque não sabia como promover a mudança no governo de Sísera. Ela o acompanhou até Quedes. Devido ao fato de Baraque ter colocado sua segurança em uma mulher em vez de Deus, a honra do triunfo seria para uma mulher.

Sísera, com os seus invencíveis veículos armados, foi atraído ao leito do Quisom, onde seus carros puderam manobrar em condições normais. Mas Deus mandou um violento aguaceiro que inundou o Quison, e os carros ficaram atolados.

“Desde os céus pelejaram as estrelas...o ribeiro de Quisom os arrastou” (Jz.5.20,21). Até o próprio Sísera viu-se obrigado a abandonar seu próprio carro e fugir a pé. No meio da fuga, Sísera aceitou o convite de Jael, que é uma mulher astuta, de gênio inventivo e corajosa.

para refugiar-se em sua tenda Até o leite que ela deu a Sísera representou um papel importante para alcançar o seu propósito. Era “leben”, o leite dos nômades, que tem efeito soporífero que produz sono. Segundo a lei de hospitalidade dos beduínos, a pessoa que convida outra para entrar em sua tenda se vê obrigada a protegê-la; por isso, Jael não tinha como tirar a vida de Sísera seria um assassinato.

Débora em sua ode triunfal elogia a Jael. Isto não significa que a Bíblia justifique sua traição; só reconhece sua fé e coragem. E então Sisiera é morto não por Jael e sim por Débora. E a terra teve sossego por quarenta anos.

Olhando e estudando a historia de Débora, quero aqui ressaltar princípios relevantes para clamarmos por Déboras em Angola. A nação precisa de mulher tipo ela, que enfrenta o governo, mulheres dispostos a promover uma reforma nesse governo do MPLA. Não subestimemos a capacidade da mulher da nossa terra.

Assim como Débora, a mulher da nossa terra tem muita capacidade ate mesmo para mudar a situação política.  Pode haver surpresa nessas eleições.

O primeiro principio: A Débora da Bíblia surgiu em meio a um contexto de sofrimento. Não é diferente da mulher de nossa terra. E é bem verdade que a mulher angolana sofreu mais do que qualquer homem em angola. Quando sentamos com nossas mães, nos contam os problemas políticos vividos em sua época, problemas que nós nem sonhávamos.

Havia época, segundo elas que a policia entrava nas casas e raptava os meninos que tinha 18 anos obrigando-o ir à guerra sem nenhuma explicação, era conhecida como a famosa rusga. Muitas mães levaram galhetadas na ânsia de tentar defender seus filhos.

Outras perderam seus filhos e nem viram o cadáver, choraram apenas em cima de uma carta. Jovens morreram sem ser feito um culto fúnebre. O MPLA deve um perdão às mulheres de Angola. As mulheres sofreram, tanto que o cantor Jacinto Tchipa se viu comovido compor a letra de uma musica, que foi eleito a melhor canção de Angola.  Não chores mais mãemazinha, amanha mesmo voltarai. Ele ate que voltou, e se tornou um deputado e outros que ninguém sabe onde estão. Parabenizo o programa nação coragem, que reconciliou /uniu muitos mães aos seus filhos. O MPLA sempre se justifique alegando que a UNITA causou alguns males as mulheres de Angola.

Faz tempo que Jonas Savimbi morreu a guerra já parou faz tempo. A mulher angolana foi mais desrespeitada em época de paz do que em época de guerra, falo de desrespeitos sociais, econômicos e humanos.
Na guerra, soldados até tinham saudades de suas mães, cantavam bem alto e bom tom! Tenho saudade de minha mãe.  Quando lhe penso começo a chorar, ficarei assim, ficarei assim, ai ya ya minha mãe. Nós filhos poderíamos ficar assim, mais quem é mãe, sabe o que é perder seu filho.  Não da pra ficar assim.

Nesse período pós-guerra, muitas delas se tornam segunda mulher, sem emprego, na sua maioria trabalham no mercado informal. Outras receberam apelidos de zungueiras.

Sem falar daquelas que apanham de policiais cassetetes e porretes, por venderem nas redondezas dos congolenses.  Outras foram mortas trabalhando, vendendo para conseguir o pão dos filhos. Quarta feira passada uma outra mulher dói assassinada por um policial, quer saber? Esta solto por ai nem foi preso. Algumas domesticas o governo tomou o seu local de trabalho, a praça das estalagens já não existe, o governo atirou o mercado pra longe da cidade la no trinta (km30).

Eu fui la ver, o lugar é horrível, sem água, sem banheiro/casa de banho, sem teto e sem cobertura. E para piorar achas que o pessoal de Viana/Luanda irá ao trinta (km30) pra fazer compras? Outras quitandeiras do kinaxixi ate hoje não tem lugares pra vender. E o Roque Santeira, quem vende la esta preste a desfazer suas barracas se aventurar no panguila. Se olharmos em nossa sociedade, esse governo ai tem cometido muitas injustiças contra as mulheres, talvez é o fato/motivo delas se darem ao álcool e ao cigarro, para esquecerem a falta de respeito por parte desse governo.

Mas mulher de Angola, levante a cabeça, seja uma Débora, não foste feito apenas pra exercer papel de esposa e mãe. Olha a historia de Débora. Sofreste muito e mais do que qualquer homem. E continuas a sofrer. E é nesse contesto que vão surgindo as Déboras, para lutar contra o governo de Sísera, para a nação ter sossego. Elas podem não usar as armas, mais podem exercer o poder de eleitores, o poder de voto. Podem conscientizar.

Foi em face desses sofrimentos que motivou Eduardo dos Santos, o líder do MPLA, a entrada de 40% das mulheres na bancada parlamentar do seu partido. Um erro grave que o MPLA cometeu, deveria ir lá nas bwalas e convidar mulheres sofredoras, quitandeiras, pessoas que sabem sentir a miséria do povo. Deputado é aquele que representa o povo. Achas que Akwa e cantores, gente famosas vão representar que povo? Ate quando esse MPLA vai aprender a governar a nação? Quem são os conselheiros do MPLA? Esse partido esta sendo mais aconselhado. Somente pode criticar esse partido aquele que esta sendo injustiçado. Os ricos, os fazendeiros os corruptos não podem abrir a boca pra falar contra esse governo, mesmo não sabendo administrar. Ninguém quer criticar. Por isso que esse governo não cresce, não existe democracia se não haver critica.Todos os governos melhoram quando foram criticados. Democracia sem critica é ditadura.

Segundo principio: A Débora da Bíblia teve uma percepção real do que os homens de sua época.

Débora percebeu que tinha que entrar em ação. Em angola as mulheres vão entrar em ação. Porque elas têm uma percepção da realidade que o País vive. Quem enche/lota os hospitais com seus filhos doentes no colo?  Não sei por que o MPLA insiste em permanecer no poder.  Nem adianta querer reparar os erros e conceder espaço na política para 40% mulheres no parlamento, já passou da hora, as mulheres hoje têm outra visão de governo. Elas estão viajando, estão vendo novelas.

Elas estão acreditando no direito de igualdades. A miséria tem afetado mais as mulheres de nossa terra. E elas percebem. Mas não adianta perceber. Esta na hora de ir à luta, como a Débora da Bíblia. Vós mulheres são vencedoras, vós mulheres já venceste a intolerância. Vós mulheres tem que fazerem historia como a Débora da Bíblia. Ela era corajosa.

Onde estão as Déboras corajosas em Angola? Não adianta perceber e ficar lamentando pela falta de respeito. Tem que agir como fez Luisete Araújo candidatou-se e é pré a presidência da republica. Ela percebeu, assim como outras perceberam. Luisete Araújo esta adquirindo um espaço tremendo. Lembro-me dela, quando ministrava em um bairro do Gindungo. A mulher tinha facilidade de comunicar, eu era um adolescente ouvia ela com muita calma e já previa o espírito que havia dentro dela. fala um francês fluente.

Mas sempre demonstrou ser uma mulher que faria a diferença. Hoje aposta na mudança. Um milhão de luandenses já estão apostar na victoria dela. Para alem de sua fé em Deus. Luisete. É uma pessoa amiga, humilde e esta sempre aberta ao diálogo.
Quando terminei de ministrar uma palestra, para umas 4 mil pessoas, Luisete escutou toda mensagem que ministrei e no final ela veio me felicitar pela homilia. Nessa predica eu tinha feito uma observação sobre a forma de administração do governo e o papel da igreja na questão política.

A Débora da Bíblia é tipo de mulher que Angola precisa sim, pois ela mudou a historia política de sua época. E a de Angola? Estão fazer o que? Exerça o direito que tens e façam que esse poder volte a ser do povo e não de uma minoria. Deus ainda acredita em você. Tudo esta em vossas mãos. São a maioria em numero de eleitor.

* Feliciano Filho
Fonte: Club-k