Luanda - Ah, que deleite observar a refinada capacidade de gestão de crise reputacional demonstrada pelo Ministério da Administração do Território! Quando a imprensa noticiou que seriam gastos modestos 20 milhões de dólares norte-americanos em bandeiras — sim, bandeiras — para celebrar os 50 anos da Independência, o MAT reagiu com uma prontidão digna de um caracol em férias.
Fonte: Club-k.net
Mas calma! O Gabinete de Comunicação entrou em cena com um comunicado que é, por si só, uma obra-prima de negação cirúrgica e esclarecimento milimetricamente inócuo. Afinal, o problema não está na ideia de comprar bandeiras com um orçamento de país petroleiro em crise — o problema é que “não há dotação orçamental”. Vejam bem, o escândalo não é a proposta, é apenas a ausência da rubrica no Excel do MAT.
Com rara elegância, o Ministério declarou que “não haverá concurso” porque, vejam só, “não há orçamento”. Ou seja, se houvesse verba, já estaria a chover bandeiras da soberania em todas as esquinas — e nós, claro, a aplaudir de pé essa prioridade patriótica!
É comovente ver como a opinião pública ainda tem o poder de fazer um Ministério correr para desmentir gastos, mesmo que o desmentido seja praticamente uma confissão em letras miúdas: “Sim, pensámos nisso. Sim, é real. Mas calma, ainda não fizemos — a culpa é da folha de Excel.”
O que nos resta é agradecer ao MAT por este manual de boas práticas de comunicação pública, onde aprendemos que transparência é dizer que se teve a ideia, mas só não se concretizou porque faltou dinheiro — não porque fosse um absurdo.
E que viva a opinião pública, essa força oculta que, por vezes, consegue fazer um Ministério lembrar-se que o povo está a ver. Ou, pelo menos, a rir.