Luanda - Recentemente, tive a oportunidade de participar no programa Janela Aberta da TPA1, que discutia um tema urgente: “A empregabilidade dos jovens recém-licenciados em Angola”. O debate foi intenso, as preocupações eram muitas, e uma coisa ficou clara: há um abismo significativo entre a formação académica e as reais necessidades do mercado de trabalho Angolano e onde verifico algumas barreiras como desafios a superar e elenco o que falei na entrevista.
Fonte: Club-k.net
1. Os reias e principais Desafios dos Recém-Licenciados Angolanos.
O primeiro grande obstáculo enfrentado pelos jovens angolanos é a escassez de oportunidades formais de emprego. È sábido que a nossa economia ainda em recuperação após anos de instabilidade, desde 2015, o sector privado não tem a capacidade para absorver todos os licenciados, e o sector público está saturado. Além disso, muitos empregadores exigem a dita experiência prévia, criando um paradoxo: como ganhar experiência se ninguém lhes dá a primeira oportunidade?
Outro desafio é a desadequação entre as competências adquiridas na universidade e as exigências do mercado. Muitos cursos que temos no país, a sua maior parte ainda são extremamente teóricos, sem uma ligação clara com as dinâmicas empresariais contemporâneas. Enquanto o mercado procura profissionais com habilidades digitais, pensamento crítico e capacidade de resolver problemas reais, muitos recém-formados saem das universidades sem sequer terem tido contacto com ferramentas básicas de gestão de projectos ou análise de dados.
2. A Lacuna Entre a Formação Académica e as Habilidades Práticas.
Durante o programa, um convidado do painel, partilhou exemplos práticos de jovens: "Aprendi teorias de gestão, mas nunca me ensinaram a fazer um plano de negócios real ou a negociar com clientes." Este relato é emblemático.
As instituições de ensino superior precisam de reformular currículos, incorporando disciplinas práticas, estágios obrigatórios e parcerias com empresas. O ensino não pode ser apenas sobre saber; tem de ser sobre saber fazer.
Além disso, os estudantes devem ser incentivados a desenvolver competências transversais, como:
- Domínio de tecnologias digitais (marketing digital, análise de dados, ferramentas de produtividade);
- Capacidade de adaptação e resiliência (num mercado volátil, quem não se adapta fica para trás);
- Liderança e trabalho em equipa (competências essenciais em qualquer organização).
3. O Papel das Universidades na Transição para o Mercado de Trabalho
As instituições de ensino não podem ser meras fornecedoras de diplomas. Elas devem funcionar como “pontes” entre os estudantes e o mundo profissional. Algumas medidas urgentes que já devíamos estar avançados em:
- Parcerias com empresas para estágios, mentorias e projectos reais;
- Cursos de curta duração em competências técnicas (como Excel avançado, Google Ads, gestão de redes sociais);
- Orientação profissional desde o primeiro ano, temos de ajudar os alunos a entender as tendências do mercado;
- Incentivo ao empreendedorismo, pois muitos jovens terão de criar o próprio emprego em vez de esperar por vagas formais.
O problema da empregabilidade juvenil em Angola não será resolvido apenas com mais diplomas. É necessária uma mudança estrutural na visão de óptica do GOVERNO, na forma como educamos e preparamos os futuros profissionais. As universidades, o sector privado e o governo devem trabalhar em conjunto para criar um ecossistema onde os jovens não apenas se formem, mas se tornem verdadeiramente empregáveis e necessários – ou até mesmo criadores do próprio emprego.
Enquanto professor, a minha mensagem aos estudantes é clara: Não esperem que o mercado vos adapte; adaptem-se ao mercado. E às instituições de ensino, deixo o apelo: preparem os alunos não só para os exames, mas para a vida profissional real. Só assim construiremos uma geração capaz de transformar Angola.
Mário Chuva, Professor Universitário de Marketing e Especialista Estrategias de Marketing