Luanda - O ex-primeiro-ministro de Angola, Marcolino Moco, manifestou preocupações sobre correntes de pensamento que buscam definir a angolanidade com base em critérios que ele considera cientificamente falsos e divisivos. Em texto publicado recentemente, Moco alerta para os perigos dessas ideias, que, segundo ele, podem ser manipuladas por grupos que enfraquecem as instituições do país.

Fonte: Club-k.net

Moco critica o que chama de "pescadores em águas turvas", acusando-os de estruturar instrumentos jurídicos que, desde o golpe jurídico-constitucional de 2010, têm minado os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos. Ele também expressa preocupação com ações que podem tornar as eleições de 2027 irrelevantes, incluindo repressão antecipada contra manifestações e prisões de jovens que tentam reivindicar seus direitos.

O texto surge após uma entrevista de um teólogo pan-africanista que afirmou que o Deus dos africanos se exprime na língua kigongo, sugerindo uma menor africanidade e angolanidade para aqueles que não dominam essa língua. Moco rejeita essa visão, comparando-a a outras teorias que buscam limitar a identidade angolana a ancestralidades exclusivas ou maiorias étnicas.

Defendendo uma visão inclusiva, Moco afirma que Angola e angolanidade são entidades em construção, voltadas para o futuro e não para passados que dividem. Ele apela para a consolidação de instituições que sirvam a todos, respeitando as diferenças inevitáveis entre os cidadãos.

O texto reflete a tese de Moco, alinhada aos princípios dos fundadores da Angola política moderna, como Holden Roberto, Agostinho Neto e Jonas Savimbi. Para ele, a angolanidade não deve ser definida pela língua, cultura, religião ou cor da pele, mas sim pela construção de um país unido e democrático.