Luanda – Circula entre os membros do Comité Central do MPLA a informação de que o líder do partido, João Lourenço, é favorável à não realização do congresso ordinário de renovação de mandato previsto para 2026. A decisão, segundo fontes internas, estaria a ser promovida por figuras próximas ao Presidente, o que tem gerado percepções sobre uma possível estratégia para evitar um processo eleitoral interno competitivo.

Fonte: Club-k.net

QUER QUE O PRÓXIMO CANDIDATO SEJA POR ELE  INDICAD

O congresso ordinário tem como propósito renovar os órgãos partidários e permitir a eleição de um novo presidente, conforme os princípios democráticos e de candidaturas múltiplas. Contudo, argumenta-se que um congresso com várias candidaturas poderia dificultar a intenção de João Lourenço de designar um sucessor sem passar por um processo eleitoral interno. Paralelamente, na passada sexta-feira,11, o Presidente enviou discretamente ao Parlamento uma emenda propondo a extensão por mais três anos do mandato do Presidente do Tribunal Supremo, Joel Leonardo, garantindo a sua permanência até 2029.


Caso o congresso se concretize, pela primeira vez, o MPLA poderá contar com múltiplas candidaturas, com nomes que têm sido referidos internamente, como Higino Lopes Carneiro, Fernando da Piedade Dias dos Santos “Nando”, António Venâncio e Boavida Neto. Por outro lado, António Pitra Neto, que teria sido o favorito de José Eduardo dos Santos para a sucessão presidencial antes de João Lourenço, mantém-se distante da disputa.

Quanto à escolha de João Lourenço para a sucessão, ainda não há indicações claras sobre os quadros que poderá escolher. No entanto, numa reunião do Comité Central em agosto de 2024, o Presidente manifestou preferência por uma transição para um líder jovem, o que tem levado a especulações em torno de nomes como Adão de Almeida, Manuel Homem, Mara Quiosa e, até mesmo, a sua esposa, Ana Dias Lourenço.


Uma nova sondagem encomendada pelo MPLA sugere que Isaac Maria dos Anjos, atual Ministro da Agricultura, é o governante com melhor aceitação interna e maiores hipóteses de atrair o eleitorado da UNITA, visto que é ovimbundo e reconhecido pela sua postura equilibrada.


Por outro lado, Artur Queiroz, jornalista veterano e antigo conselheiro do Jornal de Angola e dos serviços de inteligência militar, faz uma análise crítica do cenário político. Segundo ele, “a dois anos do fim do mandato de João Lourenço, tudo tresanda a podridão”. Na sua opinião, “chegou a hora da direção do MPLA assumir as suas responsabilidades e retirar o apoio político ao Presidente da República”, defendendo que até ao congresso, a liderança partidária deveria passar para o Bureau Político. O jornalista alertou ainda que, se o MPLA não se distanciar de João Lourenço, corre o risco de enfrentar um declínio semelhante ao da FNLA.