Luanda - Os genocidas de Lisboa impuseram uma muralha de silêncio à Luta Armada de Libertação Nacional. De vez em quando a imprensa angolana revelava a lista das “baixas” portuguesas, sempre por doença ou acidente de viação. De repente chegaram a Luanda ecos da existência de áreas libertadas pela guerrilha do MPLA, no Leste de Angola. Boca a boca começou circular que os colonialistas enviavam mais e mais batalhões para o Moxico, Lunda e Bié.

Fonte: Club-k.net

O MPLA vencia no terreno e acabava de vencer a Grande Batalha da Informação. Angola e o mundo ficaram a saber dos sucessos da Luta armada de Libertação Nacional, conduzida por Agostinho Neto, porque três jornalistas foram ao Leste e contaram o que viram. Augusta Conchiglia, Basil Davidson e Stefano di Stefani derrubaram a muralha. Heróis do Povo Angolano!

 

Augusta Conchiglia e Basil Davidson vão ser condecorados no âmbito dos 50 Anos da Independência Nacional. Os jornalistas angolanos devem sentir-se orgulhosos.

 

A Guerra da Transição ou II Guerra Libertação Nacional, entre o 25 de Abril 1974 e 11 de Novembro 1975, acabou com uma grande vitória militar das FAPLA. Dois chefes militares, João Luís Neto (Xietu) e Henrique Teles Carreira (Iko) fizeram tudo para repetir a vitória na Grande Batalha da Informação. Agora não foram mobilizados apenas três jornalistas estrangeiros. Foram dezenas de angolanos, entre jornalistas, técnicos de som, operadores de imagem, artistas gráficos, artistas plásticos, escritores, músicos, cantores.

 

Lá em cima, hoje e sempre, os Irmãos Henriques, Ano Zero (cinema). Artur Neves e Óscar Gil (cinema e vídeo). Ryszard Kapuściński (agência noticiosa). Luís Alberto Ferreira (Imprensa e Televisão). Eles reportavam tudo o que acontecia na frente de combate. Os ecos da guerra chegavam a Portugal e ao mundo sobretudo à América Latina, graças a uma cooperação estreita entre o senador brasileiro Neiva Moreira e António Cardoso, mais uns “quebra”.

 

Na Rádio Eclésia os realizadores independentes Zé Maria, Brandão Lucas e Sebastião Coelho. Na Voz de Angola os programas Contacto Popular e A Voz Livre do Povo, produzido e apresentado por Manuel Berenguel e sonorizado por Artur Arriscado. Como os falsários do costume puseram a circular uma biografia insultuosa sobre Berenguel aproveito para corrigir. Bererguel Velho, seu pai, não foi um militar que participou nos massacres da Baixa de Cassanje. Era o chefe dos serviços de produção do Rádio Clube de Malanje. Em 1974 já tinha 20 anos de profissão!

 

Manuel Berenguel acabou o enino secundário em Malanje e veio para Luanda. Já tinha mostrado as suas habilidades na Rádio, com o pai. Entrou na Emissora Oficial de Angola (1970) e mostrou tai qualidade que em 1971 passou para o Deporto. Um narrador desportivo espectacular! Ao contrário do que puseram a circular os falsários racistas, ele não fugiu de Malanje. Veio par Luanda pelo seu pé à procura de cumprir um sonho.

 

Na Emissora Oficial de Angola (RNA) travaram-se os combates decisivos da Grande Batalha da Informação, entre Junho de 1974 e 11 de Novembro 1975. Aldemiro Vaz da Conceição e Manuel Berenguel vão ser condecorados nos 50 anos da Independência Nacional. Nada mais justo. Todos os que combateram nesse tempo se sentem orgulhosos por eles.

 

”Tininho” foi o homem que entre 1980 e 2017 pensou as políticas de informação em Angola. Desenhou estratégias. Derrotou estrondosamente os Media da Coligação Genocida capitaneada pelo estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) e integrada pela África do Sul racista. Devemos-lhe muito. Também vão ser condecorados Óscar Gil e Dario de Melo. Merecem todos tal distinção porque são exemplares. Estão entre os melhores dos maiores.

Uma menina afortunada vai ser condecorada no âmbito dos 50 anos da Independência Nacional. No início da Guerra da Transição tinha nove anos. Na Independência Nacional 10 aninhos. Em 1983 foi trabalhar com o Rui Amaro nos serviços administrativos da RNA. Graças a empenhos familiares virou locutora. Faladora. Nunca chegou a perceber a diferença entre uma notícia e um apito.

Em 1993, início da rebelião armada de Savimbi, após a derrota eleitoral da UNITA em 1992, a senhorita foi estudar para Portugal e por lá ficou até ao fim. Não participou em nada na fase da transição (25 de Abril 1974 a 11 de Novembro 1975). Não participou em nada até à derrota dos racistas de Pretória, em 23 de Março 1988. Fez uns números de folclore em 1992 e fundou um jornal em Benguela que nem os cães tinhosos liam, para picar o ponto e receber dinheiro fácil. Deram-lhe um tacho no BAI como perita em comunicação e imagem. Puseram-lhe a alcunha de jornalista. Fizeram dela deputada! Vai ser condecorada!

Eis o problema. Jornalistas que venceram a Grande Batalha da Informação durante a Luta Armada de Libertação Nacional, a Guerra da Transição, a Guerra pela Soberania Nacional e Integridade Territorial e cobriram a rebelião armada dos sicários da UNITA contra a democracia são colocados ao nível de uma diarreia de João Lourenço.

A comissão das condecorações fez uma caldeirada malcheirosa com merda de galinha, merda seca de cão tinhoso e merda solta de sua excelência. Para desprestigiarem os melhores do Povo Angolano e são exemplo para todos nós. Para nivelarem tudo pela mediocridade, o oportunismo e a usurpação. É o que está a dar.

Mais grave ainda. O Comandante Gika é condecorado com um pobre diabo que foi soldado motorista na tropa portuguesa. O grande comandante da guerrilha do MPLA. O primeiro Comissário Político do Estado-Maior das FAPLA. O Herói que tombou em combate na província de Cabinda durante a Guerra da Transição foi misturado com um desgraçado que depois de ser chofer de sargentos e oficiais da tropa portuguesa, foi trabalhar como amanuense num companha de seguros. Na Guerra da Transição escondeu-se. Na Guerra pela Soberania Nacional e Integridade Territorial fazia pela vida nos seguros mas graças ao MPLA, como chefe! Um oportunista é tratado como um Herói Nacional.

Querem pior ainda? Elvira da Conceição “Virinha” avançou com um tanque de guerra contra o portão da cadeia de São Paulo na madrugada do 27 de Maio 1977. Ela e o seu grupo de assassinos mataram guardas e Hélder Neto, um Herói Nacional. A assassina golpista e o assassinado, Hélder Neto, vão ser condecorados na mesma cerimónia.

Os comandantes Bula Matado e Eurico Gonçalves foram assassinados no 27 de Maio 1977 a mando de José Van-Dúnem e Sita Vales. Isto foi denunciado, por escrito, no Tribunal Marcial, por Nito Alves. Os dois assassinados vão ser condecorados ao mesmo tempo que os assassinos: Monstro Imortal, José Van-Dúnem e Nito Alves. Em Angola, bom, mesmo bom, só João Lourenço.

Querem mais? Vão condecorar o Agualusa que em 1975 era criança (14 anos). Come os filhos dos outros. Fez toda a sua vida no estrangeiro. Tem os pezinhos deformados por escrever tanta porcaria da sua lavra. É condecorado na mesma cerimónia de Luandino Vieira!

Vão condecorar Matias Miguéis que traiu os seus camaradas e o seu povo. Alta traição! Vão condecorar Daniel Chipenda que traiu repetidas vezes os seus camaradas e o seu povo. Vão condecorar o Rafael Marques, criadito do George Soros e de todos os que querem pôr a pata em Angola. Jeremias Chitunda, que chefiou o golpe de estado militar em 1992. Responsável pela morte de milhares de civis inocentes, nas ruas da capital, quando os sicários da UNITA quiseram tomar o poder pela força.

O problema é que muitos insultados por esta caldeirada nem podem defender-se ou protestar, porque já morreram.