Luanda – A Vice-Presidente da República de Angola, Esperança Maria Eduardo Francisco da Costa, estabeleceu um programa designado por visitas de auscultação às unidades universitárias em Luanda, nos últimos dias. Nesta quarta-feira, 22, Esperança da Costa visitou a Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto (FECUAN), num evento que gerou descontentamento e críticas no seio da comunidade académica da instituição, que considerou o acto protocolar, desprovido de diálogo e de consideração pelo corpo estudantil.
Fonte: Club-k.net
Desde as primeiras horas do dia, centenas de estudantes e membros do corpo docente aguardavam a chegada da Vice-Presidente. Às 10h00, quando o protocolo da Presidência interditou o acesso dos estudantes ao recinto da faculdade, a governante ainda não havia chegado. Esperança da Costa viria a entrar nas instalações apenas às 12h40, sob forte aparato de segurança, acompanhada por cerca de 30 agentes da sua equipa de protecção.
No auditório da instituição, o decano Redento Maia havia preparado um discurso de boas-vindas e apresentação, mas foi abruptamente informado pelo protocolo de que dispunha de apenas cinco minutos para se pronunciar. O tempo reduzido foi considerado insuficiente para abordar os principais desafios da instituição.
Segundo testemunhos recolhidos no local, Esperança da Costa não cumprimentou a plateia nem estabeleceu qualquer diálogo com os presentes. Após a breve intervenção do decano, a Vice-Presidente deixou o auditório em menos de seis minutos.
A visita, inicialmente encarada como uma oportunidade de aproximação institucional, terminou envolta em críticas. Estudantes e docentes lamentaram a falta de espaço para auscultação e consideraram o encontro um gesto simbólico, sem impacto prático para a vida académica. “Qual foi, afinal, o objectivo da visita, se não houve espaço para ouvir a academia?”, questionou um estudante finalista, em declarações sob anonimato.
A Direcção da FECUAN ainda não se pronunciou oficialmente sobre o incidente. Entretanto, cresce no seio da comunidade académica o sentimento de desilusão face ao que muitos consideram um desrespeito institucional e uma oportunidade perdida de diálogo com o Executivo.
Aguardam-se, nos próximos dias, possíveis esclarecimentos por parte da Vice-Presidência da República sobre os moldes em que decorreu a visita e sobre a razão da postura considerada “fria, protocolar e distante” pela maioria dos presentes.