Luanda - Com a chancela do “telejornal da esquina”, edição oral e gratuita, corre a sete léguas pelos becos e vielas do País a seguinte informação: O presidente do MPLA é contrário à realização do congresso do partido no poder, previsto para os próximos doze meses. Uma inverdade! A (minha) verdade é esta: João Lourenço está a preparar o congresso ao detalhe e a pensar no seu futuro político. O futuro do MPLA, esse sim, está no limbo. O porvir do partido rubro-negro existe apenas na cabeça do seu presidente. Há medos. Insegurança. Incertezas.
Fonte: Club-k.net
Sussurros de corredor — com vocação de manchete para as Redes Sociais — dão conta de que Adão de Almeida e Manuel Homem se têm revelado profetas de si mesmos, em espontâneas (e mal disfarçadas) campanhas para serem escolhidos como sucessores de João Lourenço na liderança do partido e do País. Manuel Homem está convencido de que é o “tal”. Adão de Almeida, de que é o “cara”. Um e outro acreditam nessa teoria mais do que um beato em dia de procissão. As campanhas estão em marcha. Ambos mostram-se excessivamente confiantes de que são os escolhidos. Só falta uma Eva para completar o quadro. Porque, claramente, sentem-se no Paraíso. Manuel Homem e Adão de Almeida. Dois jovens que correm atrás de uma sucessão que ainda nem começou. Assanhadice!
O ministro do Interior e o ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República estão na pista. Viraram maratonistas do marketing, com GPS próprio e regras personalizadas. Ensaiam perante um público já recrutado. Estão prontos para correr, mesmo sem saberem onde — ou como — será traçada a pista. Ignoram para que lado penderá, amanhã, o humor do árbitro da partida. Estão como cavalos que saltam da baía antes do apito. Atletas da política que ouviram tiros imaginários a marcar o início da maratona. Ingenuidade.
Permitam-me desmanchar o prazer de muitos: José Eduardo dos Santos também baralhou o partido e iludiu muitos jovens. Fez-lhes acreditar que o iriam substituir. Foram proscritos. Censurados pelo Bureau Político. E, depois, arrumados na prateleira. Os que se põem em bicos de pés junto do ministro dos “chuis” e do chefe da Casa Civil podem acabar defraudados. Frustrados. Mas o momento não é para dramas. Por enquanto. Fiquem calmos. Relaxem. Comam um pastel de Belém.
O tempo urge. Contam-se espingardas. Mas não me parece que os nomes de Manuel Homem e Adão de Almeida estejam na calha para dirigir os destinos do MPLA e do País. São apenas missionários de uma ambição que lhes pode sair cara. Tipo tiro pela culatra. Agora que mostraram interesse, estarão na linha de observação e de tiro. Será um harakiri político se nem um nem outro fizer parte da equação estratégica de João Lourenço. Vão queimar o seu futuro. Agem como kamikazes. São jovens. Desconhecem o modus operandi da máquina partidária. Ignoram como o partido acerta o passo a “meninos” e homens atrevidos. Uma coisa é certa: O day-after do partido e do País está escondido a sete chaves, num lugar inacessível. Inexpugnável. Esse lugar é a cabeça do presidente do MPLA. Só o Bureau Político pode travar os caprichos e vontades do presidente do partido. Tem de assumir as suas responsabilidades.
Uma recordação e um apelo à coragem: João Lourenço é irresponsável o suficiente para fazer o que bem entende no seio do Bureau Político. Ele é apenas primus inter pares. Lidera, mas não detém autoridade absoluta. Fica a dica para o secretariado do Bureau Político. Mais acima pedi licença para desmanchar o prazer de quem acalenta o sonho de ver Manuel Homem ou Adão de Almeida à frente do MPLA e da República. Peço agora permissão para anunciar uma boa-nova. Nem tudo é drama. Nem tudo está perdido. Aqui vai: Quem responde pelo mutismo e inépcia do DIP pode ficar descansado. Vai manter-se de pedra e cal até ao próximo processo orgânico.
A direcção do partido tem consciência do prejuízo que a inaptidão do DIP está a causar. Sacrifício, camaradas. Vigilância, vigilância. Aos auxiliares do TPE: Podem continuar a auxiliar a “trouxe-mouxe”, alegre e despreocupadamente. Fiquem à vontade. O Governo é todo vosso. Vosso e dos homens que compram prestígio e vendem influência. Dificilmente João Lourenço vai exonerar alguém antes disso. A menos que cometa uma falha muito grave… ou que José Eduardo dos Santos diga, por via psicográfica, como é que se faz.