Lisboa - Como representante da UNITA em Portugal, li com atenção e concordo integralmente com o recente artigo da nossa deputado na Assembleia Nacional,Anabela Sapalalo, sobre os potenciais impactos do Corredor do Lobito na saúde das comunidades locais. O desenvolvimento económico é importante e necessário, mas não pode, em momento algum, ser dissociado da proteção da saúde pública e da dignidade humana. Quando falamos de um megaprojeto desta dimensão, devemos igualmente falar de responsabilidade social, planeamento sanitário e respeito pelos direitos fundamentais das populações afetadas.
Fonte: Club-k.net
O alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o risco de disseminação de doenças infecciosas, incluindo a cólera, não pode ser ignorado. Estamos a falar de uma questão de vida ou morte para milhares de angolanos. A presença de trabalhadores migrantes da RDC em situação irregular, sem acompanhamento médico ou condições dignas de habitação, é uma bomba-relógio sanitária. Concordo com a proposta de monitoramento rigoroso ao longo do Corredor do Lobito, com a verificação de todas as zonas e empresas onde foram reportados casos de cólera.
Também tenho perguntas que precisam ser respondidas pelas empresas privadas envolvidas neste projecto. Como é possível que, diante de alertas claros da OMS, ainda não tenham sido implementadas medidas básicas de prevenção e contenção de surtos? Onde está a responsabilidade social? Onde estão os investimentos em centros de saúde, programas de higiene pública e campanhas de sensibilização comunitária? Será que estas empresas estão apenas interessadas em extrair os recursos, sem contribuir minimamente para o bem-estar das comunidades?
É necessário verificar todas as empresas e organizações operando ao longo do Corredor do Lobito onde foram identificados casos de cólera. Mais do que isso, é urgente estabelecer um mecanismo de responsabilização para garantir que tais entidades participem ativamente na mitigação dos riscos sanitários. Não basta lucrarem com os recursos de Angola e da RDC; devem também investir nas pessoas que tornam esses lucros possíveis.