Luanda - Segundo dados recolhidos na Internet, Frei João Domingos, baptizado com o nome de Domingos Fernandes, nasceu numa aldeia chamada Torre, do concelho e paróquia do Sabugal, distrito da Guarda, a 9 de Agosto de 1933. O nome foi-lhe dado por ter nascido perto do dia de S. Domingos.


Fonte: SA

 

Integrante de uma família da classe média, agricultores e pastores, cresceu com os valores do catolicismo, a ida à missa, à catequese e à oração do terço às noites na igreja, que faziam parte do seu quotidiano.

 

Com os pais, cuja convivência era pacífica e fiel, aprendeu a verdade e honestidade, a franqueza e confiança. O início do seu caminho pela vida religiosa começou a desenhar-se em 1946, após o exame da 4ª classe, com a vinda de uns padres dominicanos, Ordem dos Pregadores que realizaram exames de admissão ao seminário, tinham um Seminário Menor perto de Fátima, onde ministravam o curso liceal. Fez o exame e foi aprovado. Recebeu o nome de João, na tomada de hábito em 1951, a 7 de Setembro, nome religioso que o ligava à Ordem dos Pregadores ou Dominicanos.


 A partir daí foi sempre chamado por Frei João Domingos. Em Julho de 1955, o Superior, um padre dominicano canadiano, chamou-o e perguntou-lhe se estava disposto a ir para o Canadá estudar teologia durante 4 anos, fez então os votos solenes (perpétuos) e partiu.


Durante este período, para além do estudo, ajudou muitos emigrantes portugueses no Canadá, a maior parte deles vindos dos Açores, que tinham dificuldade com a língua. Ajudou-os na Emigração, no Ministério do Trabalho, com o preenchimento de papéis e mudança de contratos de trabalho.

 

Na América

 

Trabalhou, posteriormente, na América, 3 meses por ano, durante 23 anos, num Centro de Atendimento/Aconselhamento, aprendendo muito com as pessoas e, sobretudo, com os psicólogos e psiquiatras com quem trabalhava, para ajudar as pessoas a resolverem os seus problemas.

 

Em França, esteve no ano de 1968, ano do ressurgimento da juventude na Europa. Esteve em Paris e noutras cidades, mas foi em Estrasburgo que passou um ano escolar inteiro, onde vivia com os dominicanos e estudava na Faculdade de Teologia. Celebrava, também, missa numa Escola de Reeducação de Jovens e numa igreja onde se reuniam os emigrantes portugueses.

 

Em Portugal, trabalhou 8 anos no Seminário dos Dominicanos em Aldeia Nova, 7 dos quais  como Director. Passados, esses 8 anos, foi Superior do Convento dos Dominicanos em Fátima, onde ajudou a criar um Centro do Estudos, aberto a seminaristas e jovens, rapazes e raparigas, novidade que, na altura, nem toda a gente aceitou bem. O Centro conta hoje com mais de 4.000 estudantes.


Em 1975 foi passar um ano de estudos ao Canadá. Regressou em 1976 e foi viver em Lisboa na Casa dos Dominicanos em Benfica. Foi nomeado Director do ISTA (Instituto de Teologia S. Tomás de Aquino) e começou a dar aulas de teologia na Universidade Católica de Lisboa. Nesse tempo, desempenhou, simultaneamente, outras funções, como: pregação e animação das Pequenas Comunidades Religiosas de Padres e Irmãos operários, inseridas nos Bairros de Lisboa e Porto e nas aldeias do Interior.

 

A saga angolana


Mil, novecentos e 81 é o ano em que iniciou o caminho no país em que permaneceu até pouco antes da sua morte. O projecto dos Dominicanos, ao irem para Angola, era trabalharem como missionários na pastoral, mas também na educação e na promoção e desenvolvimento do Povo. A nível pastoral, ajudaram a organizar as Comunidades Cristãs e dão cursos de formação. Criaram um jornal mensal que se publicou regularmente, apesar da guerra, desde Dezembro de 1983 e que ajuda o acompanhamento da vida da Paróquia.

 

Em Agosto de 1988, para responder ao pedido dos Bispos da Igreja Católica, assumiu a reitoria do ICRA em Luanda. Assim, em Setembro desse ano assumiu o ICRA e a paróquia do Carmo, juntamente com outros dominicanos. Foi Pároco 4 anos.

 

A partir de 1992, deixou de ser o pároco, mas continuou sempre a trabalhar como colaborador, apenas ausente desde Setembro de 1992 a Agosto de 1993, ano sabático, em que esteve em Jerusalém, em estudos bíblicos.

 

O ICRA (Instituto de Ciências Religiosas de Angola) foi criado pelos Bispos de Angola a 8 de Dezembro de 1984. Os objectivos do ICRA são a formação de quadros angolanos com uma filosofia de altruísmo e honestidade.

 

Em Luanda, foi professor em várias outras instituições ligadas à Igreja Católica, com destaque para o Instituto João Paulo II, onde chegara a reitor.

 

Antes disso, ainda em Portugal, exercera vários cargos notáveis funções sobretudo no domínio da formação de quadros. Era bastante conhecido pelo país inteiro, graças às suas homilias dominicais televisionadas, nas quais fazia o que ele mais gostava: dissertar em defesa dos pobres e contras as injustiças sociais, não se coibindo de apontar o dedo quando fosse necessário.


Na sua terra natal chegou a ser agraciado em 1998 com a comenda Ordem de Mérito do Estado Português.