Luanda - Os técnicos do Ministério de Saúde detectaram, no primeiro semestre do corrente ano, 26 novos casos de poliomielite em seis províncias do país, nomeadamente Luanda (2), Bengo (3), Huambo (3), Bié (3), Lunda Norte (11) e Lunda Sul (4).


Fonte: Terra Angolana


Preocupado com a situação, o Ministério da tutela realizou, na última semana do mês em curso, mais uma campanha contra o vírus da poliomielite, em todo país, com o fito de vacinarem cerca de 5,6 milhões de crianças, menores de cinco anos. "O acto enquadra-se no Plano de Emergência do executivo para pôr fim à circulação do vírus da poliomielite ainda este ano", assegurou uma fonte do ministério.

 

A campanha surge, igualmente, em virtude dos relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS) que alertam para os riscos de propagação a nível internacional, dado o elevado número de casos relatados em Angola ainda este ano. E actualmente, o país possui 24% dos casos de poliomielite a nível do continente negro.

 

O fracasso das acções desenvolvidas até ao momento - uma vez que o vírus já afectou inúmeras crianças angolanas -, o governo compromete-se vergonhosamente em ceder 9,3 milhões de dólares norte-americanos para apoiar a vacinação de rotina em 32 municípios-chave com vista o aumento da cobertura para, pelo menos, 90%.


Enquanto, curiosamente, há seis anos, o país respirava de alívio - após três anos consecutivos sem casos da pólio - e estava preste a ser declarado livre deste miserável vírus, após um notável progresso de desaparecimento total da epidemia na carta geográfica angolana.

 

Especialistas mundiais manifestaram a sua preocupação com a propagação do vírus da pólio na região e os elevados custos da realização de campanhas de emergência. A doença também está a espalhar-se e a afectar crianças que vivem nas regiões fronteiriças da República Democrática do Congo.

 

A esperança

 

Esperançosa esta o representante do UNICEF, em Angola, doutor Koen Vanormelingen, em crer na possibilidade - tal como aconteceu em 2004 - da poliomielite vir a ser erradicada novamente no país. "Nós fizemos isso noutros lugares e podemos fazê-lo neste país", disse, acrescentando que "isso simplesmente exigirá a mobilização completa de toda a sociedade".


Segundo Vanormelingen "as baixas taxas de vacinação de rotina e a falta de água potável e instalações sanitárias, em todo país, tornam as crianças mais vulneráveis à pólio e a outras do-enças infecciosas".

 

Por seu turno, Rui Gama Vaz, representante em exercício da OMS em Angola, garante que a estratégia de erradicação do vírus da poliomielite pode funcionar, caso os vacinadores atribuírem as milagrosas gotas a cada criança, durante as campanhas e através da vacinação de rotina reforçada.

 

"O sucesso da erradicação exige um investimento maciço e contínuo, bem como o esforço de todo sistema de saúde para assegurar que cada criança seja vacinada. Não podemos mais nos dar ao luxo de dizer que ficaram duas ou mais crianças por vacinar. Precisamos chegar a todas elas", esclareceu.


É de realçar que no mundo, apenas quatro países permanecem na lista dos endémicos, com transmissão da poliomielite crónica entre eles, Afeganistão, Índia, Nigéria e Paquistão. Os outros países foram afectados pela reimportação do vírus a partir destes países, como no caso de Angola, que após a erradicação, em 2004, o vírus foi, no ano seguinte, importado a partir da Índia.