Luanda - Há um curto vídeo a circular nas redes sociais. Nele, o jornalista português Mário Crespo, em declarações à CNN Portugal, afirma que o Presidente angolano tem uma magnífica mansão nos arredores de Washington D.C. Para começo de conversa: A inveja é um sentimento feio e mesquinho. Não consinto que Mário Crespo fale de qualquer maneira do mais zeloso empregado de mais de trinta milhões de angolanos movido por inveja.

Fonte: Club-k.net

Os empregados não têm apenas deveres. Têm direitos também. Entre eles, o de juntar fazenda. Um pé-de-meia. Um duplex com piscina. Um recanto nos subúrbios da capital imperial. Não admito que se fale assim do empregador-mor dos angolanos. O Presidente João Lourenço é cidadão probo. Um respeitado latifundiário. Um proprietário de imóveis em Angola e no estrangeiro. E tudo isso foi pago com o dinheiro desembolsado de livre e espontânea pressão pelos cidadãos angolanos. Dinheiro limpo. Honesto. Justo. Ganhado com sacrifício. Um direito adquirido.

 

Há quem respeite mais os estatutos dos partidos do que a Constituição da República. Penso e faço diferente. Respeito sacral e patrioticamente a Constituição e o Presidente que dela emana. Como cidadão e jornalista angolano, tenho a obrigação patriótica de defender, com unhas, dentes e parágrafos, o líder e a bandeira do meu País.

 

Indo direto ao ponto: Mário Crespo é invejoso. Está mal informado. Quem ousa fazer um retrato burlesco do poder angolano ignora que este tem lições a dar ao mundo e a Portugal, em particular sobre a arte de conciliar honra com ostentação, o público com o privado, o discurso com o usufruto. Sobre isso, estamos conversados. O pai de Mário Crespo não era enfermeiro. Por isso não herdou mansão nenhuma nos arredores de Lisboa ou do Porto. A vida é assim. Às vezes, o sol não nasce para todos. Repito: Mário Crespo está mal informado. Sofre de dor de cotovelo diagnosticada.

 

Como jornalista, tenho o dever de o informar com precisão: O Presidente João Lourenço tem sim uma mansão em Washington D.C. E qual é o problema? E outra em Miami. Onde está o problema? E casas com designer e conforto de tirar o fôlego no bairro de Alvalade, em Luanda, e na Restinga do Lobito, em Benguela. Onde esta a crise? Foi dono e patrão da ORION. Qual é grilo? Facturou quem nem o emir de Qatar quando secretário-geral do MPLA. Onde esta a borbulha?

Para (des)consolo de Mario Crespo, informo ainda que Luanda é alimentada pelos produtos agrícolas da Fazenda Matogrosso, também propriedade do Chefe de Estado, construída com o seu salário enquanto político. Esta é uma rábula patriótica em defesa do homem mais incompreendido de Angola e arredores: Latifundiário por mérito, Presidente por direito popular e talvez também por desígnio divino.

Alguns herdam fazendas e mansões. A maioria herda dívidas, promessas em discursos e filas nos hospitais. A vida é assim. Não sorri para todos. João Lourenço teve sorte. A sorte sorriu-lhe de orelha a orelha. Antes que haja dúvidas: Parte do património do Presidente da República angolano foi herdado do seu pai, um enfermeiro respeitado e endinheirado ainda no tempo colonial. Isaías Samakuva, ex-presidente da UNITA, e testemunha. A família já vivia como nababo no então Silva Porto (Bié). A Fazenda Matogrosso e o resto do espólio foram ganhos com suor, estratégia, tráfico de influência por inerência dos cargos que teve no aparelho do partido e do Estado e alguma simpatia das leis.

Mário Crespo é invejoso e está mal informado. O Presidente tem moralizado o País desde 2017. Os angolanos rejubilam. Batem palmas. Sentem os frutos da recuperação de activos. Reflectem-se a mesa dos cidadãos a hora da cinco refeições que passaram a ter desde 2017. E sonham com o dia em que terão, também eles, algo para recuperar. Esta é uma rábula patriótica. Uma sátira estoica. Um serviço público em defesa do líder e da bandeira. E a Mário Crespo… que um dia herde, se não uma fazenda, ao menos uma pantufa presidencial do Palácio de Belém. Antigamente dizia-se: “Reagan, tira as mãos de Angola”. Hoje pode dizer-se: “Crespo, deixa de invejar o empregado-mor de Angola”.

Nota: Esta estoica e apaixonada defesa é tão verdadeira quanto o combate à corrupção em Angola.