Huambo – Funcionários da delegação provincial da Rádio Nacional de Angola (RNA) no Huambo denunciaram, sob anonimato, um clima de tensão e alegadas irregularidades administrativas, dias antes da visita do presidente do Conselho de Administração (PCA), Pedro Neto, àquela unidade.
Fonte: Club-k.net
De acordo com fontes internas, a direção local da estação, liderada por Ivone de Lourdes, terá ordenado um conjunto de intervenções urgentes nas instalações – incluindo limpeza geral, reposição de lâmpadas, fornecimento de detergentes aos sanitários e pequenos trabalhos de carpintaria – com o objetivo de melhorar temporariamente as condições de trabalho à véspera da chegada do PCA. As mesmas fontes entendem que as ações visam “branquear” a imagem da gestão local, que tem sido alvo de críticas por parte dos trabalhadores.
Entre os assuntos que geram maior contestação está a substituição dos jornalistas Atanagildo Paulo e Cirilo Eduardo, ambos com histórico profissional na RNA-Huambo. Foram nomeados em seu lugar, respetivamente, o jovem Fidel Custódio, com apenas nove meses de efetividade e, segundo relatos, múltiplos vínculos laborais, e Alzira Beliana, que terá manifestado desconforto com a nova função por se encontrar próxima da reforma.
No caso específico de Atanagildo Paulo, os colegas expressam preocupação com a sua condição de saúde. O jornalista, diagnosticado com diabetes, estaria a cumprir escalas noturnas apesar de apresentar uma recomendação médica que desaconselha esse tipo de serviço. Familiares e colegas temem consequências graves para a sua saúde. Há dúvidas entre os trabalhadores se essa orientação partiu diretamente da Direção da RNA ou do próprio Conselho de Administração.
Outra denúncia envolve alegada pressão sofrida por Atanagildo Paulo para reaver a sua carteira profissional, numa disputa que oporia o jornalista à diretora e ao chefe de produção, Francelino Pedro. O caso já terá sido levado à Comissão da Carteira e Ética da classe jornalística, presidida por Luísa Rogério, mas até ao momento, segundo os denunciantes, não houve um desfecho satisfatório.
Funcionários da estação relataram ainda suspeitas de uso indevido das instalações da casa de passagem da rádio, que estariam a ser utilizadas como pensões privadas por pessoas ligadas à direção. A acusação, contudo, não foi oficialmente confirmada nem desmentida pelas autoridades competentes.
O realizador Artur Carlos, que durante um ano apresentou um programa na estação, foi igualmente afastado da função sem explicações formais, sendo substituído por Alzira Beliana. Segundo relatos, foi advertido a não protestar sob pena de retaliações.
Os trabalhadores afirmam sentir-se intimidados e alegam que foram instruídos a não relatar quaisquer situações problemáticas durante a visita do PCA Pedro Neto, prevista para os próximos dias. “Estamos a ser ameaçados de represálias caso falemos com o PCA”, afirmou uma das fontes.
Em relação à audiência da RNA-Huambo, funcionários afirmam que a estação perdeu espaço, embora a atual direção atribua a responsabilidade à gestão anterior. Os jornalistas solicitam uma averiguação independente sobre as reais condições da emissora e pedem ao Conselho de Administração uma intervenção urgente.
Até o momento, nem a Direção da RNA-Huambo nem o PCA Pedro Neto se pronunciaram oficialmente sobre as denúncias.