Luanda - Esta crónica tem em conta a “coisificação” do angolano cansado de tanta violência e é sobretudo um clamor pela Liberdade, Justiça e Dignidade há mais de cinco séculos usurpados!  É o reivindicar de um Direito humano cruelmente estropiado, apesar consagrados na Declaração Universal dos Direitos do Homem!

  

* Docente Universitário
Fonte: Club-k.net

 

Com efeito, no seu artigo I a citada Declaração Universal diz o seguinte:«todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Eles são dotados de razão e de consciência e devem agir uns para com os outros num espírito de fraternidade». Os artigos II e IV da mesma Declaração proíbem inequivocamente a discriminação, a escravatura e a servidão respectivamente.

 

  

Em Angola e em pleno século XXI em que medida e porquê poderíamos dizer que hoje em dia, há pessoas que aceitam passivamente viver de modo tão antigo, tão precário e de modo tão medieval?

 

 

Será por cobardia? Por preguiça? Por catastrofismo cultural e mental? Ou por necessidade material?

 

 

Historicamente, a preguiça e a cobardia de alguns homens são apontadas como causas pelas quais uma tão grande parcela de terras e de homens,  mesmo depois de libertos da natureza continuou de bom grado menores durante toda a vida! felizmente não foi, não é e nunca será esta a sina e/ou a condição da maioria de autóctones de Angola!

 

 

Na verdade, a tacanhez mental, o medo, a deslealdade e a desonestidade que caracteriza muitos, pode pretender justificar e explicar comportamentos ínvios de uns quantos egoístas,(que pensam que podem agarrar o vento com as mãos)e daí  a razão ou a situação de uns poucos continuarem ainda a constituírem-se em “tutores” de uma maioria silenciada e/ou ao arrepio das elementares normas de convivência pacífica entre os seres humanos. O caricato é que alguns subalternizados consideram a passagem à maioridade difícil e perigosa e por isso aceitam o estatuto de cidadão de 3ª porque os seus tutores de bom agrado tomaram a cargo a supervisão e os destinos de suas terras e  das suas  populações!

 

 

Escravizados até ao tutano, embrutecidos e preservados cuidadosamente em nome do ideal de dominação neocolonial, converteram-se em “criaturas tranquilas” e não ousam sequer dar um outro passo fora do caminho que lhes fora reservado: O de “possuídos ” e temem à todo custo em ascender á maioridade por pensarem que  este pode encerrar “ vários perigos”… Dizem apavorados: «É melhor ficarmos só assim, bem quietinhos, bons rapazes, com algumas migalhas, mesmo sem dignidade alguma porque senão…»! Bastou para alguns a violência ou a exoneração do cargo, para se tornarem tímidos e atemorizados e a não fazer outras tentativas para o alcance da dignidade humana no futuro.

 

 

Se é verdade que alguns escritores europeus têm reagido contra os pensadores e escritores africanos que falam de seus povos a partir da situação colonial, a verdade é que por ex., a resistência à profundas desigualdades, a luta contra à humilhação, à tenaz resistência à inferiorização do negro e à secular preservação da cultura africana neste país é felizmente, já uma tradição cultural dos povos africanos de Angola.

 

 

Apesar do final do século XX ter sido marcado, entre outros, por uma dilacerante crise de valores na arena nacional e internacional, em Angola, os fundamentos desta crise podem ser encontrados na perpetuação do "estatuto de perpetuação da menoridade" para os povos de cultura africana hoje em pleno século XXI!

 

 

A miséria indescritível dos autóctones de Angola tem explicação na imposição dos “Estatuto de Perpétua menoridade”. O esmagamento cultural dos povos indígenas de Angola, as assimetrias regionais e locais, os critérios discriminatórios de atribuição dos orçamentos entre regiões do litoral e do hinterland têm infelizmente também a sua génese nessa macabra condição do "estatuto de perpétua menoridade" para os povos africanos de Angola!

 

 

Por violar os direitos humanos, é urgente, que todos os cidadãos do país e do mundo, lse evantarem e condenem sem reservas esse hediondo "Estatutos de Perpétua menoridade”, que infelizmente são partes de alguma idiossincrasia plasmada e consubstanciada no “Olhar sobre o Outro”. Estereotipado claro!

É urgente aqui e agora, a abolição desta prática discriminatória porque viola os direitos fundamentais da pessoa humana.