Brasil - Brasil - Uma das provas de nossa miséria e falta de vergonha é de que nossos dirigentes, quando podem, a maioria deles - o que para muitos pode parecer  um privilégio -  por desgraça, sentem-se necessário, às vezes, de passarem seus últimos dias longe de amigos e parentes quando são acometido de alguma doença.

 

Fonte: blogdonelodecarvalho.blogspot.com

A atual miséria em Angola, com o seu sistema de saúde, igualmente, miserável e atrasado, tira dos pobres o direito de terem serviços de qualidades que esta área do estado deveria proporcionar a toda sociedade e que não consegue pelo vandalismo de governação e desrespeito ao país e a nação, que esses trinta anos de poder familiar e de camaradagem o partido no poder tem nos oferecido.
 
 
Assim, como tira daqueles, que melhores condições têm para se tratar fora do país, o direito natural de terem um fim feliz ao lado dos seus seres queridos, quando aqueles pacientes por fatalidade encontram-se no chamado estágio terminal de uma doença. Esse foi o caso do Deputado Nelumba, assim como de outros dirigentes políticos, que já passaram por isso. Aquele, em particular, viveu e morreu amando  sua pátria; e como médico que foi numa Angola independente, com certeza, fez de tudo para melhorar a situação do setor em que o mesmo se dedicava. Pena que o mesmo setor mal oferecia condições para ele ter o fim natural  que teve, que devia ser no país que o viu nascer e que ele tanto lutou para conquistar a independência  e melhorar a vida de todos angolanos.
 
 
Não queremos de nenhuma maneira, com esse artigo, entristecer mais os amigos, pacientes  e familiares  de José Eduardo Nelumba; ao contrário, aproveitar esse momento de dor, primeiro, para manifestar nossas condolências e  lamentos. E, segundo lugar, aproveitar o mesmo para chamar atenção ao Estado, o Governo e o Partido no poder, que esse momento  poder ser aproveitado como  momento de reflexão para  se melhorar nosso sistema de saúde, que, com certeza, o Deputado despediu-se do mesmo  com muita amargura, pensando nas deficiência e incapacidade que o mesmo apresenta para resolver os problemas de saúde de milhões de pessoas, e até daqueles –“uma meia dúzia” – que têm privilegio de se tratar fora.
 
 
Afinal, nos sentimos assustados e preocupados também, num país onde, até, a primeira dama precisa viajar ao Rio de Janeiro ou à Madrid para se tratar de pressão alta ou até mediar à pressão. Qual seria o fim de  um Nelo de Carvalho com a sua anemia falciforme empacotada em todas as fibras do seu ser? Um mendigo como Nelo, seria mais um relegado à miséria dos nossos hospitais, que só estão preparados para receber mortos em estado de putrefação; na verdade de hospitais não têm nada, são uns  verdadeiros necrotérios preparados e abandonados por este sistema de poder, simplesmente, para receberem almas e corpos vivos vindos do inferno –de um lugar que se acredita ser um país ou nação, governado e dirigido por este mesmo poder- e que passarão por aqueles estabelecimentos na condição de mortos, com a esperança, prometida não sei por quem, de que talvez ascenderão à um paraíso ou, talvez, descerão para o inferno.
 
 
Perdoe-me Dr. Nelumba, camarada Deputado Nelumba, por termos que usar este momento triste de nossas vidas para desabafar e acusar a má administração pública do nosso país de irresponsabilidades, mas o povo pelo qual você lutou tanto e tanto se dedicou e trabalhou, não está disposto a ver no seu esforço um esforço e dedicação que não merece ser recompensado.
 
 
Por isso, de qualquer forma, em qualquer lugar e  com qualquer instrumento nos insurgiremos sempre contra aqueles que acreditam que tudo já fizeram  com as suas “sagas revolucionarias”  num passado.
 
 
E terminamos acreditando  que a  trajetória de vida, daquele médico e patriota,  é uma inspiração para todos nós.