Luanda - O processo de transferência dos vendedores do mercado Roque Santeiro para o Panguila começou terça-feira e de uma forma geral tudo está a correr dentro da normalidade.


Fonte: Jornal de Angola


O Governo entendeu que devia alojar os vendedores num local que oferecesse melhores condições laborais e dignidade para o exercício da sua actividade comercial e a área do Panguila foi o espaço escolhido.


O mercado do Roque Santeiro surgiu de forma desordenada, criado por populares, e foi crescendo até atingir a dimensão que nós todos conhecemos. A par da venda a retalho de vários produtos, desde bens alimentares, com os produtos perecíveis a representarem uma boa fatia, ao vestuário e calçado e outros, o mercado foi crescendo à sombra também da marginalidade e da delinquência. As condições higieno-sanitárias em que se desenvolvia a actividade comercial eram das mais degradantes, para não dizer desumanas e arrepiantes. Com casebres e sem casas de banho públicas, as pessoas que frequentavam o mercado faziam as necessidades ao ar livre, sem o pudor a que uma atitude do género devia obrigar, e o resultado era o mau cheiro confundir-se com o resto.



A venda de alimentos não era, por conseguinte, feita nas condições de saúde recomendadas. À sombra desse cenário, a delinquência e a prostituição também montaram bancada no Roque Santeiro. Casos de crianças e jovens que eram obrigados a vender o seu corpo para ganhar algum para sobreviver foram várias vezes relatados naquele mercado. Casos de roubos e furtos de objectos de valor por parte de jovens também idem em aspas gordas. As rixas entre grupos rivais fizeram, várias vezes, vítimas mortais e noutras deixaram muitos desses jovens – que da vida apenas têm a noção de que ela se resume a consumir álcool, a brigar e a furtar – com marcas físicas indeléveis para todo o sempre. Ao lado de gente trabalhadora, honesta e empenhada em ganhar o pão para o sustento dos seus proliferavam os maus exemplos de conduta cívica, de aversão ao que a boa moral recomenda.



Mas como já se tornou hábito, sempre que o Governo quer fazer algo em benefício da população surgem sempre vozes a contrariar. Foi assim quando se decidiu transferir alguns populares que moravam nas barrocas da Boavista para o Zango, em Viana, para evitar que no tempo da chuva houvesse mais mortes por deslizamentos de terra. Quem foi para o Zango passou a estar em melhores condições de segurança e as famílias deixaram de ter a aflição que representava a chegada da época das chuvas.



Quem aceitou mudar-se do Roque Santeiro para o Panguila está consciente de que a mudança é uma ruptura com práticas nocivas à saúde e à dignidade humana; quem aceitou transferir-se sabe que vai mudar para melhor a sua vida, porque no Panguila estão criadas as condições não só para o exercício da actividade comercial de forma qualitativamente melhor, mas também porque passa a ter os seus direitos melhor protegidos e desse modo o exercício da cidadania fica mais reforçado. Além de melhor protecção policial, os vendedores têm no Panguila câmaras de frio para conservar os produtos perecíveis, o mercado está resguardado do sol e possui água canalizada, energia eléctrica e casas de banho, além da vantagem que é ter os bancos comerciais e um corpo de segurança aí instalados. Quem anda a fazer campanha contra a mudança e anda a angariar assinaturas para fins políticos está contra a cidadania e não quer que os vendedores mudem de vida e tenham um futuro melhor.


* DG adjunto do JA