Luanda - A priori permita-me formular os meus votos de cordias saudações à sua Excelência, e  parabeniza-lo embora tarde, pela comemoração do seu sextagézimo oitavo anos de aniversário. E desejar saúde à si e a sua administração na gestão da coisa pública, e na egíde do cumprimento de sonhos de vários angolanos que depósitaram o seu voto de confiança na liderança dos destinos do País.

 

Fonte: Club-k.net

 

Sr. Presidente, é na luz do artigo 40º/1 da CRA e do artigo 9º da CADHP que-lhe envio esta carta berta, depois de muitos anos, de diagnóstico cansativo e profundo, concernente ao nosso País, e os resultados recolhidos não podia ser melhor que nefastos, quer no que diz respeito a nossa vida como angolanos, quer como seres humanos, que cada dia que passa está a degradar-se de mal à pior, e as políticas públicas que são aprovados pela sua administração, revelam surprendentemente aberrantes e inexequíveis. Sua Excelência Sr. Presidente, escrevo-te inegavelmente à memória dos que morreram pelo sonho de uma Angola Avante e na fraternidade dos que vive e sonham para ela, e na compreensão dos que a levarão mais longe.

 

O povo sua Excelência, não luta por ideias, por pensamentos na cabeça de alguém. O povo luta para conquistar vantagens materiais, para viver melhor e em paz, para ver a sua vida andar para a frente (...) Não podemos nega-lo que durante toda a nossa história como povo, dedicamo-nos a esta luta do povo Angolano. Lutamos contra a dominação Colonial, lutamos contra Apartheid Social e Político, a imposição Político-Ideológica. Debitamos três decádas de Guerra Fria (contra nós mesmos), fez com que refleticimos o tempo precioso que perdemos e a condução tortuoso (a) que o nosso Povo estava submetida. Aprendemos com os nossos erros acarinhar o ideal de uma sociedade livre e democratica em que todos os angolanos, não importa a sua origem etníca, crênça, e acima de tudo a sua cor partidária, possam viver juntos em harmónia e com iguais oportunidades como homens e como angolanos. Este é, e serás sempre um ideal pelo qual temos a esperança de viver e realizar. Mas se for necessário, Sua Excelência Sr. Presidente é um ideal pelo qual estamos disposto como angolanos a dar a vida.

 

Por uma razão muito simples, como advogava o velho Nacionalista Lúcio B. Lara, nas exéquias funebres do Presidente Neto, «habituámos-nos a não acreditar na derrota e a forjar vitórias para o nosso povo», e estamos cientes de que os homens passam, os partidos nascem, crescem, desenvolvem e por fim morrem, mas a Patría Sua Excelência. Angola! esta sim. Esta vivera eternamente.

 

Sua Excelência Sr. Presidente, o futuro opera no presente, a criar o passado e a fazer a história. São eles que criam o passado de uma maneira nova, a história não é simplesmente memória, mas sobretudo projecção para a frente, sentido de futuro, como atestado da liberdade, uma liberdade que rompe com esquemas fixos do progresso e regresso, como sublinharam Temples, Senghor, Kennyata, Sekou Toure, N’krumah, Towa, Kagame e Paul Hountondji. A nossa historicidade está profundamente marcada pelo sigilo do tempo. O mais importante é termos a consciência de que reflectissimos sobre a realidade, e posiciona-mo-nos a altura de dar soluções aos problemas que afectam os angolanos. No livro VII da República onde narra o mito da caverna, o Platão recomenda-nos, como homens e seres pensantes, devemos sair em busca de um ser forte, de um ser que seja mais ser, e tal capaz de dar a solução aos nossos problemas (habitação, emprego, formação académico-profissional de qualidade, construção de infraestruturas duradouros, incentivação à empresariado nacional, apostas reais à agricultura e as outras àreas para o progresso da Angola e a valorização dos angolanos), porque o angolano representa Angola no seu sentido mais elevado.

 


Sr. Presidente todo dirigente é culpado pelo bem que não fez, e temos o conhecimento de que um homem morreu na cruz um dia, na qualidade de angolano (s), nós aprendemos a lição, de uma forma forçosa a morrer na cruz todos os dias com a esperança da (e) ressureição de um dia melhor, para a materialização de uma vida menos penosa para os nossos filhos e mantendo salúvel o futuro ainda distante. Sua Excelência, diz-me, porque continuo sem saber! Qual é a razão destes insucessos? Estes trinta e cincos anos de independência e governação, constitui o período de ocasiões perdidas e a nossa condenação, ou foram uma preparação para o que deve ainda vir? Porque se foram anos de oportunidades perdidas e da nossa condenação, urge que mudemos de rota, que procuremos caminhos alternativos.

 


É legítimo que nos interroguemos sobre o futuro do nosso País, porque o nosso problema não comporta simplesmente a construção de novos edifícios, estradas ou ainda o cultivo dos campos. O futuro Sua Excelência, não se resume na construção simplesmente de fábricas, hospitais e escolas, mas se a escola, como comenta o filósofo Moçambicano Severino Elias Ngoenha, não é simplesmente o edifício, as salas de aulas, as carteiras mas é sobretudo os alunos, que são os cidadãos de amanhã. Isto implica que a escola vai ser antes de mais um sistema de Valores, Educação à Liberdade, à Democracia, à Solidariedade, à Tolerância, ao Diálogo, à iniciativa ao Trabalho, à Abnegação que a sociedade quererá transmitir aos seus futuros cidadãos, isto é, o tipo de homens que queremos que sejam os angolanos amanhã.


Hoje, se reparar todos nós (angolanos), estamos a preparar mais uma vez, para ir votar pela terceira vez (2012). Mas se o nosso problema centra-se simplesmente nas eleições, para punir o MPLA, pela falta de coerência nos seus programas de governação, ou a UNITA, pelo acontecimentos outrora que nos fez sofrer, o motivo ou o problema seria concretamente fácil. Ou ainda, se tivéssemos simplesmente que afirmar o nosso voto à um homen das nossas origens étnica ou um Partido da nossa região, o problema de angola seria concretamente simples. Mas o nosso problema Sua Excelência, é mais seria e complexo, trata-se de através do nosso voto, afirmar o tipo de Angola que queremos ter amanhã. Portanto devemos julgar os Partidos e os Políticos em função dos seus projecto de sociedade e de governação que apresentam. Porque, por detrás das eleições, esconde-se um projecto de sociedade com carácter existêncial. No entanto o que está em jogo Sr. Presidente, não é seguir a escolha de um simples modelo político ou jurídico-constitucional, mas o lugar que nos será reservado na escolha daquilo que deverá ser o nosso futuro.  

 

Não é a primeira vez que o futuro de Angola esta no cerne das discussões, mas é certo que é a primeira vez que ganha proporções de discussões elevadas. Pois nos anos que-se avizinhã seremos chamados a escolher o tipo de futuro que queremos que seja nosso e por consequência, dos nossos filhos, só esperamos que, Sua Excelência Sr. Presidente seja sem condicionalismos ideológicos, sem asfixia eleitoral, porque nas eleições passadas (2008-09), foram mais uma vez plausível os aparelhos repreesivo do Estado (Polícias, Militares e Propagandistas desenfreados) lá estavam presente, para nos obrigar a traduzir em actos, os planos futuristicos daqueles que tinham o privilégio divino de saber o que era bom para todos. Nós fizemos a história Sr. Presidente, mas, mais uma vez como instrumentos da vontade alheia.

 

Não obstante a nossa situação política e económica, que para muitos angolanos, parece desesperada, mas continuamos a acreditar num futuro diferente, um futuro melhor.de facto não nos seria possível viver sem uma imagem do futuro, sem aquela fantasia política que permite inventar o amanhã e viver o hojé. Sem dúvida, o futuro como o desenham as nossas esperanças, os nossos sonhos, a coragem que anima o nosso andar, isto significa sermos capazes de sobreviver, porque os nossos sonhos antecipam, estimulam e favorecem a afirmação e o progresso da nossa Pátria.

 

Agora Sr. Presidente, estamos empenhados em uma grande guerra política, colocando à prova quão longo pode esta Nação sobreviver. Os bravos homens, vivos e mortos, que aqui cambearam as suas vidas, já o consagraram de forma definitiva, os nossos podres poderes nada podem fazer para acrescentar ou diminuir o que construimos com sacréficio.


O mundo notará pouco ou ainda lembrará por pouco tempo o que aqui escrevo p’ra si, mas jamais poderá esquecer o que aconteceu neste pedaço de terra que se chama Angola, para sermos o que somos.

 

Como sublinhou o Presidente (E.U.A) Abraham Lincoln, temos, nós, os sobreviventes, a obrigação de nos dedicar deste ponto em diante, à nobre conclusão da tarefa interrompida, pela qual eles lutaram. Temos a obrigação de prosseguir na tarefa que nos foi legada, dedicando-nos com devoção à mesma causa pela qual estes honrados mortos e vivos deram a sua última prova maior de Nacionalismo e Patriotismo.


É preciso Sua Excelência Sr. Presidente, que nos conscientizemos firmemente de que estas mortes e vozes angolanas não tenham sido em vão, de que este País, esta Angola, sob a protecção de DEUS Todo Poderoso, assistirá ao renascimento da Liberdade, Progresso, e a consolidação da Democrácia, e que triunfará o Governo do Povo, Pelo Povo, Para o Povo e Com o Povo, no Sul, Norte, Leste e Oeste desta linda Patría que-se chama Angola.