Lisboa - Ninguém pode ver o seu nome nem as suas acções serem borradas por “más línguas” se o que disserem não corresponder à verdade dos factos. É cada um que se suja ou não, a si mesmo, com o que diz e o que faz.


Fonte: angolaresistente.net

 

É Quando nos sentimos ofendidos pelo que dizem de nós estamos perante um crime de calúnia e ou difamação, o que deve ser tratado em fórum judicial adequado e não por instancias políticas sem competência para fazer justiça , muito menos em causa própria. Mas como têm a consciência de que em fórum judicial – verdadeiramente independente e imparcial – perderiam essaa causa, resvalam para o recurso à provocação política de mais desgraça, arte em que são mestres com bastantes provas apresentadas, como se já não basta-se a desgraça a que hoje remetem a grande maioria da população de Angola pretendem em salvaguarda do seu poder e e rendimentos agravar a situação a que o seu regime nos submete.

 


Em Angola, de modo apressado e claro, a situação agrava-se e ao mesmo tempo os detentores do poder em vez de adoptarem soluções de conformidade com a lei e com os nossos anseios, vêm a público com ameaças e o lançamento de confusão como fez recentemente o BP do MPLA chefiado por JES que não teve a dignidade de fazer as acusações vagas que o seu BP fez na sua qualidade de Chefe de Estado, já que é nessa qualidade que tem sido contestado e mesmo acusado de modo concreto por activistas cívicos e por lideres partidários.

 

Já não é a primeira vez que assim procede, o acto similar anterior foi o seu discurso na abertura do ultimo congresso do MPLA em Novembro do ano passado quando acusou associações de desempenharem papeis próprios dos partidos políticos. A história do MPLA está cheia de pronunciamentos similares que antecederam sangrias, tristemente célebres, com que historicamente foi sendo preservada a chefia do MPLA e do Estado.

 

Parece que não basta aos dirigentes do MPLA o enorme fardo de casos sujos de sangue, macabros, que trazem nas costas desde a época em que estavam no Congo quando foi assassinado Matias Migueis, a que (ex.) depois da independência juntaram o 27 de Maio e outros crimes ligados com a guerra civil entre o MPLA a FNLA e a UNITA. Notem que quem. aqui, diz isso foi das FAPLA e na ocasião do fim do colonialismo de entre os três movimentos escolheu o MPLA. Também, depois, foi preso pela DISA na Cadeia de S. Paulo, em Luanda, viu, viveu as coisas e ouviu-as também de outros que as viveram enquanto dirigentes e militantes do MPLA, alguns foram figuras das mais destacadas da luta de libertação nacional, já falecidos e que por respeito não cito agora aqui. Também, mais recentemente, testemunhei no terreno dos cometimentos, violações dos direitos humanos, fui espancado, detido, levado a Tribunal de Polícia e mais recentemente ainda, vitima duma tentativa de assassinato, falhado porque revelado a tempo e denunciado à Policia Nacional que, apesar de estar na posse de dados que consideramos bastantes, até agora, não resolveu o caso, quando, no entanto, tem sido eficiente na identificação e detenção de outros criminosos como (ex.) é o caso dos assaltos recentes a bancos. Isso já nem espanto me causa.
Questões pertinentes que coloco a quem hoje acusa outros sem os definir como agentes contratados pelo estrangeiro e, também, sem definir, com rigor, sobre que ditos e actos seus os acusa:

 

Hoje quem é o aliado do tal de imperialismo que sob a liderança do BP o MPLA combateu no passado? Quem tem empresas e sociedades no Ocidente? Eventualmente responderão dizendo que o mundo mudou e eles também. É verdade, concordo, mas no que é que o mundo e eles mudaram? Não há mais cidadãs, cidadãos e países oprimidos nem explorados? O MPLA fez uma mudança do combate ao velho e carcomido imperialismo, afinal vigoroso, para se acolher nas fileiras da dita globalização numa época do mundo em que a elegância política é sinónimo de democracia e ou duma, bastante, “democracia”? Quem tem parcerias com aqueles que o MPLA sempre chamou de imperialistas e que agora são globalicionistas? Bastam estas questões por agora. Responda-nos Sr PR JES. Respondam-nos também os senhores mestres da Comunidade Internacional que sustentam o seu poder.

 

Memória e capacidade de indignação selectiva, assim como falta de vergonha, são os males de que sofrem os dirigentes do MPLA.

 

O povo todo já sabe das coisas. Ninguém mais vai em conversas. O povo está a ficar cada vez mais crispado pela pobreza, repressão e exclusão a que se encontra remetido, ao mesmo tempo que testemunha a vida faustosa de alguns poucos no poder e ou dalguma forma articulados aos donos do poder em Angola, que enriqueceram da noite para o dia sem até agora nos terem explicado como foi que fabricaram essas fortunas faraónicas.

 

Por isso tudo, a cada dia que passa, torna-se mais óbvio que no futuro nos estão reservadas horas amargas, pois, como a maioria dos analistas, não tenho duvidas que qualquer resistência por direitos a que o poder está a forçar o povo com a sua submissão a uma situação de ruína endémica. Qualquer acção, mesmo pacifica, com que o povo ouse afrontar a forma como o país vem sendo (des)governado, será objecto de medidas draconianas. Mas não deviam ignorar o provérbio africano que nos ensina que: “a ruína duma nação começa nas casas do povo”.

 

Ainda não estamos face a um Estado em que, de facto, impere a garantia e a defesa dos direitos que a Constituição acolhe nem da republica que instituída quando se dá o caso desses valores serem violados por quem detenha o poder. Caso contrário os titulares de cargos de comando das instancias de defesa do Estado, com essa competência, já teriam tomado as medidas legais e legitimas que a ordem do Estado de direito impõe e a que se devem subordinar.

 

Sem qualquer inibição afirmo aqui que a percepção que tenho é de que os que têm essa competência, neste momento, sem hesitações, ao invés de assumirem a imposição da ordem do Estado de direito a quem quer que seja que a subverta, a partir de fora ou de dentro do Palácio do Presidente da República,  certamente que defenderão os donos de sempre do poder que se vêm comportando como “donos do país”, que são aqueles que os nomearam para o exercício desses cargos de comando das instituições de defesa da Republica de Angola. Esta é a percepção que quase todas e todos os angolanos temos, a começar pelos próprios que hoje têm essa competência, assumam ou não que essa é a percepção objectiva.

 

O ocidente também já não espanta nem ilude ninguém. Hoje tantos da Comunidade Internacional, a começar pelas principais potencias do Mundo, não agem e na maioria dos casos fecham os olhos e comem junto com os “donos de Angola”. Guiam-se por interesses económicos como estamos cansados de denunciar. Esqueceram-se rapidamente dos valores que usavam para contestar os mesmissimos donos do poder desde sempre em Angola. A sujeira toda algum dia vai certamente ter que ser assumida por quem deve, mesmo que entretanto, com a sustentação do silencio cumplice da CI, mandem para os calabouços e ou mesmo calem definitivamente muitos de nós que ousamos o verbo e o gesto pacificos de denuncia. Essa cumplicidade terá efeitos temporários, não será eterna, algum dia vai ser-lhes cobrada, além de pelo povo angolano, pelos seus próprios povos e pelas instancias judiciais competentes. Não é só o Presidente do Sudão e quejandos que são autores de crimes contra a humanidade. Há muitos que têm responsabilidades directas e indirectas em crimes contra a humanidade por alguma forma de cumplicidade com ditaduras mesmo que se digam “democráticas”.

 

Têm que aprender definitivamente que Angola antes de ser um eldorado para exploração de recursos e mercado para os seus negocios é uma terra de seres humanos como as suas. Como ensinar-lhes isso de forma a que o aprendam duma vez por todas? Alguém nos pode sugerir algum método eficaz?


Angola um dia será um lugar bom para todas e todos vivermos, disso não tenho nenhuma duvida. Ninguém, nenhuma força, por mais poder que tenha conseguirá eternizar a situação que nos vem sendo imposta. Como o Mahatma Ghandi nos disse: todas as tiranias terminaram um dia. Faço votos para que em Angola se registem mudanças, de modo pacifico, com urgência.


Luiz Araújo