É compreensível que os Jornalistas confiem nas suas fontes mas para tal todo conteúdo de informação que lhes for parar nas mãos, deve ser alvo de uma rigorosa análise. Depois de lermos o citado documento formulamos as seguintes conclusões.

1- Para quem viu e leu o documento (anexo) em algum “blog” terá observado que o mesmo faz um “Att” com o dizer  “Gabinete da Presidência Republica” tendo o autor do texto  “comido” o artigo definido tal como tornou a faze-lo em mais duas frases do texto. A expressão correcta  seria: “Gabinete do Presidente da Republica” se estivermos diante de uma correspondência destinada ao PR  José Eduardo dos Santos.

2- O documento em analise oculta o carimbo e o  nome do responsável da instituição que faz a alegada a proposta ao Presidente da Republica. E mais:Um documento oficioso traz referencia do oficio no tope da pagina coisa que este descarta-se.

3- Sendo o SINFO, um órgão afecto ao Ministério do Interior, o documento deveria fazer referencia a da instituição ministerial a que pertence.

4- A aplicação do termo “partido no poder” citada na referida carta não  é usada pelos que estão no poder. Por outro lado as instituições  do Estado não tratam o Chefe de Estado  angolano por “Cmda Presidente” salvo erro algumas citações verbais de alguns dirigentes como o Ministro Ngongo e o Ex- Governador Kapapinha


5- O documento refere a quantia de 300 000 usd para alegada operação. Como é de conhecimento geral os serviços de segurança de qualquer parte do mundo gozam de um orçamento folgado pelo que escusam solicitar valores a Presidência da Republica

6- Faz-se referencia alguns  nomes da sociedade civil citando erradamente o sobrenome do Jornalista Raul Danda por “Dinda”.

7- A suposta  proposta, denuncia imperfeição para ser considerado  produto de um estudo elaborado por uma instituição de inteligência.

8- Documentos semelhantes estavam disponíveis ano passado no site www.cabinda.net em que se detectava gravíssimos erros de ortografia e desconexão do pretendido a se transmitir.
9- O Jornal Apostolado noticia que fontes do MPLA recusam-se comentar tal informação. Certamente que através de chamada telefónica e sem o documento na mão qualquer fonte refutar-se-ia a comentar. Para este caso se esvazia as insinuações de que um não desmentido equivaleria sustento na autenticidade do documento.

10 - Por último o documento apresenta-se como pertença dos “Serviços internos de informações”. Para boa informação, não existe nas estruturas do Estado angolano  alguma  instituição com este nome mais sim  uma que se chama “Serviços de Informações ” vulgo SINFO  dirigido  pelo Senhor Vice Ministro do Interior  Sebastião José Martins e que tem como Chefe adjunto o Senhor  Filomeno Barber Octávio  nomeados  em Abril de 2006.

Não se reconhece, portanto, poder jurídico por parte do chamado “Serviços internos de informações” a que pertence o documento fazer propostas a autoridade institucional que é o Presidente da Republica.

A comunicação social angolana deve manter-se alerta para que fenómenos semelhantes não se repita Uma informação por mais pequena que seja pode provocar instabilidade numa  sociedade.  A ideia não é por em causa os órgãos que noticiaram tal documento nem tão pouco desejarmos usurpar o poder de quem de direito deve repor a verdade. A nossa iniciativa em apresentar possíveis hipóteses sobre a veracidade do documento deve-se ao interesse da estabilidade de forma a que não se cometa o que ouve no Kenya. Naquele pais segundo uma análise de Wanjohi Kabukuru, na revista “NewAfrican”  a comunicação social foi responsável pela situação no Kenya por ter antecipadamente mostrado preferência ao líder da oposição Raila Odinga, induzindo-o a ter a percepção de ter todo apoio que lhe favorecesse triunfo ao Presidente Mwai Kibaki. Quando os resultados saíram o Mundo se desiludiria com aquele que era ate aqui um exemplo de nação estável em África, não obstante a fraude eleitoral.

No entanto para evitar que a classe menos instruída venha consumir estes forjados documentos é recomendável a criação da  “Comissão para reconciliação nacional”. Precisamos reconciliar Angola. Precisamos nos perdoar. “O perdão é um catalisador que cria a ambiência necessária para uma nova partida, para um reinício.” (Martin Luther King). Os últimos discursos dos nossos políticos indicam que Angola carece de tal instituição que seria um órgão independente integrado por figuras idóneas cuja missão seria fiscalizar o processo de unidade nacional denunciando todas iniciativas que fossem contra a mesma. Teríamos uma subcomissão constituída por psicólogos e sociólogos que orientariam os dirigentes políticos cujo discurso revelam saudades do tempo de Guerra.

 

 

* José Gama
Fonte: Club-k/Angolense