Luanda - Nos últimos tempos, tem sido realmente notório e visível a profunda falta de valores éticos pelo respeito da vida humana, no seio da presente geração de efectivos ligados a polícia nacional, numa altura em que o Executivo angolano, junto com a sociedade civil, lançou – a nível nacional – uma mega campanha para resgatar os (poucos) valores morais que, se ainda, nos restam.


Fonte: Club-k.net

Comandante da luz verde ao esquadrão da morte

Apesar dos esforços destes – o que não passa de uma obrigação – a nossa polícia visivelmente continua ingenuamente a desprezar, de olhos bem fechados, o valor da vida humana. Desrespeitando assim, a recente Constituição (que zela pela vida humana) aprovada maioritariamente pelos ‘gansteres’ deputados do MPLA, partido que nos governa há 35 anos. 


Fiquei meramente estupefacto, de facto, com arrogância das recentes declarações, em parada, do subcomissário Leitão Ribeiro – que falava, na altura, na veste do comandante em exercício da polícia nacional – quando aconselhava as quatro pessoas envolvidas na morte do agente da Brigada de Moto da unidade operativa de Luanda, apresentarem-se as autoridades, o mais rápido possível, porque em caso de confronto serão ABATIDOS, como se animais tratassem.

 

Portanto, não se compreende em pleno século XXI – e com décadas de experiência – a falta de imaturidade e atitude do subcomissário Leitão Ribeiro a dar carta branca aos seus efectivos a responderem pela mesma moeda o acto dos meliantes. Em palavras miúdas, o subcomissário decreto – sem primeiro o caso passar pelo Tribunal Provincial de Luanda – a morte aos ditos responsáveis pelo extermínio do pobre agente Samuel Kiala Canza, de 22 anos. E o mais agravante é que foi em parada.

 

É talvez normal para Leitão Ribeiro (que habituo-se a ver todo tipo de cadáveres) e anormal para imagem da polícia em si, em resolver – mesmo com tantos investigadores (in)competentes que possuem – pelas suas próprias mãos um caso que poderia, e ainda pode, muito bem ser levado às órgãos competentes da justiça para dar o seu parecer.

 

O subcomissário esqueceu-se, literalmente, que os seus efectivos é que andam, publicamente, a dar o mal exemplo a jovem geração ‘vingativa’ dos meliantes, por, na maioria das vezes, resolverem com brutalidade desnecessária – pancada, sopapos e pontapés à mistura  – quando os cidadãos que cometem crimes decidem voluntariamente se apresentar às suas unidades.
A par isso olvidou também que, a maior parte dos seus “miúdos” são “matumbos” e não oferecem nem sequer um pouquinho de confiança a estes meliantes (que por sinal são também cidadãos nacionais). E muito menos os deixam livre e claramente explicar os motivos que os levam a cometer este tipo de acto sem porrada. 

 

A triste acção ocorrida é da inteira responsabilidade da própria polícia. O facto poderia ter conhecido um fecho bem diferente – e talvez até o nosso ‘puto’ Samuel Canza ainda estaria a gozar dos frutos da vida – caso os agentes policiais fossem mais humana, por um lado, e aprende-se a inspirar um pouco mais de confiança aos próprios cidadãos, por outro. Porque ninguém é perfeito.

 

Paradoxalmente, seria um cúmulo se, pessoalmente, dissesse que os meliantes retribuíram pela mesma moeda o que a “Esquadrão de morte” da polícia tem realizado, ao longo destes todos os anos, como, por exemplo, os massacres da “Frescura”, “Rocha Pinto”, “Cazenga” etc., entre as outras mortes, em massas, que gratuitamente tem distribuído aos cidadãos de bem como zungueiras, estudantes, cristãos, jornalistas e políticos etc.. O que não seria nada mal, porque afinal, cá se faz e, cá se paga.

 

Por fim, peço ao subcomissário Leitão Ribeiro a fazer cumprir, na maior das calmas, de olhos fechados o fito principal da polícia angolana que é “manter a ordem” – é não a desordem –, em defesa dos pacatos cidadãos que diariamente são vítimas das calamidades sociais que o país oferece.

 

Porque caso os seus “miúdos matumbos” cumprirem – o que não duvido – com a sua ordem de abate a este pequeno grupo de apoio pertencente a ‘comunidade meliantica’ que vocês muito bem conhecem, os meliantes poderão contra-atacar e aprofundar. Assim, estariam simplesmente a largar, mais ainda, o rio de sangue e ódio que banha o nosso Angola.
Vai com calma, MEU SUBCOMISSÁRIO porque não é assim que se resolvem os problemas do povo. (O maiúsculo é propositado)!