Namibia - Fui ironicamente meio-criticado – para aqueles que tinham mais que fazer – quando meramente alertava, muito recentemente, as autoridades angolanas que há(via) autóctones a morrer(ia)em por falta de um simples prato de comida e outros eram forçosamente enviados – pela polícia e bandidos – para o além sem qualquer motivo palpáveis.


Fonte: Club-k.net


Na altura – dizia eu – o quadro destas mortes desnecessárias é(ra) realmente preocupante, uma vez que o governo, visivelmente, tem todos meios necessários para superar glamourosamente estes (pequenos) problemas que afecta milhões de angolanos. Mas, ninguém me deu ouvidos. Hoje o tempo deu razão ao visionário autor. Eis as provas.

 

O recente relatório “Índice da Fome no Mundo 2010”, publicado, na última semana, pelo o Instituto Internacional de Pesquisa sobre Políticas Alimentares revela – o que nem sequer é novidade – que Angola, em particular, consta na lista negra – a par os países irmãos Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste – de 25 países onde a fome é hedionda.


Em palavras miúdas, nestas regiões os poucos que têm milhões – no caso de Angola – têm ainda mais milhões, e os milhões que têm pouco ou nada passaram a ter ainda menos. Sic, que calamidade!

 

Os 25 países onde a situação é alarmante são, por ordem crescente de gravidade, Nepal, Tanzânia, Camboja, Sudão, Zimbábue, Burkina Faso, Togo, Guiné-Bissau, Ruanda, Djibuti, Moçambique, Índia, Bangladesh, Libéria, Zâmbia, Timor-Leste, Níger, Angola, Iémen, República Centro-Africana, Madagáscar, Ilhas Comores, Haiti, Serra Leoa e Etiópia.


De 122 países em desenvolvimento estudados, os níveis de fome "extremamente alarmantes" foram alcançados em quatro países da África Subsaariana, a República Democrática do Congo (RDC), o Burundi, o Chade e a Eritréia.

 

A par isso, o Índice Mo Ibrahim 2010, revelado recentemente, indicava, em termos de governação, que Cabo Verde é o país africano de expressão portuguesa melhor classificado, ocupando o quarto lugar, seguindo-se São Tomé e Príncipe em 11º, Moçambique em 20º, Guiné-Bissau em 41º e Angola em 43º.

 

A tabela avalia quatro critérios de governação - Desenvolvimento Humano, Participação e Direitos Humanos, Segurança e Estado de Direito, Oportunidades de Sustentabilidade Económica. Numa pontuação de 0 a 100, Cabo Verde surge com 73.83 pontos, seguido, entre os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), por São Tomé e Príncipe (desceu uma posição em relação a 2009 - 57,05 pontos), Moçambique (52,39), Guiné-Bissau (42,09) e Angola (39,29).

 

Ironicamente, no seu mais recente discurso sobre o estado da nação, o Presidente da República, José Eduardo dos Santos (JES), meteu o dedo na ferida – o que era de se esperar – frente aos deputados, duvidosamente, eleitos nas últimas eleições.

 

“O combate à fome e a luta pela redução e erradicação da pobreza, pelo seu impacto na vida da população, constituem dois dos maiores desafios que se colocam hoje ao Estado angolano. Pois, são preponderantes para se construir uma sociedade mais próspera e de justiça social”, dizia, seriamente, o Presidente angolano, esquecendo de, pelo menos, citar número exacto de quantos são (pessoas que morrem à fome), quantos já morreram e quantos ainda estão por morrer.

 

Absurdo seria se, pessoalmente, disser que o Executivo andava a leste destes todos factos, ou melhor, não sabia da existência das pessoas que sucumbiam vítima da fome. O maior problema, até agora, reside na falta de seriedade, por parte do mesmo, por não ter – há mais de oito anos – criado uma solução plausível para combater estes males.

 

“Estes dois problemas estão a ser tratados numa dupla perspectiva, isto é no quadro da execução da política macroeconómica e no âmbito de uma desconcentração administrativa mais forte e especificamente ligada aos locais onde se concentram os focos de pobreza”, argumentou, distraidamente, JES, como se tratasse de uma grande solução.

 

As soluções apresentadas pelo mesmo, não surtirá efeitos de imediatos tendo em conta o incalculável número tais dos famintos, como dos pobres. E ao invés, do JES estar preocupado com a sua imagem – de velho gagá – e dos seus subordinados “garimpeiros” que exploram e ignoram os problemas do povo.

 

Um ATT: ao meu Presidente: “Trabalham mais (você e os seus miúdos), e não dão confiança a ninguém” para, nos próximos tempos, apresentares novos dados sobre estas calamidades. E lembra-te, ninguém atira pedras numa mangueira que não produz.
(Continuação nos próximos dias...)