Benguela - Nos dias de hoje, geralmente quando uma adolescente concebe, os seus parentes ficam furiosos e muitas vezes tomam decisões estranhas. Casam-na forçosamente e uma lista elástica de pedido ou entregam-na grátis ao esposo.


Fonte: Club-k.net


O casal passa por momentos dolorosos, arrepios de vários quadrantes e ofensas a integridade moral e física. Depois do nascimento as vozes desencontradas cantam em uníssono parabéns e todo mundo quer pegar e rir com o bebé, fingem que nunca proferiram “ palavrões” e jamais tiveram actos socialmente reprováveis. 

 

É possível fazermos uma analogia com a luta pela liberdade e a conquista da paz. O ano do inicio da luta armada, os cépticos que habituados a vivência agradável com o colono sentiam-se incomodados e nunca viam com bons olhos a conquista da soberania angolana.


14 Anos depois do começo oficial da” guerra contra o opressor”, surge a santa independência nacional a concretização do sonho embora proclamado “tri-partidaria”. Quando tudo parecia que o nascimento de um Estado novo alegraria “ambos os parentes”, e ansiedade de rir com o bebé e a felicidade coroaria a vida. No entanto as desavenças e ambição tomaram conta e criaram nódoas no País. Recorda-me o que habitualmente acontece quando o homem casa com uma mulher e os seus familiares não gostaram da esposa, esperam sempre um pequeno deslize para manifestarem o seu descontentamento” sempre desconfiamos desta tua mulher, sabíamos que”… As culpas e o culpado é sempre aquele homem nunca ouviu os conselhos.

 

Quando decidiu-se fazer a guerra para alcançar a paz, vários métodos para o recrutamento foram adoptados como privando jovens do emprego, da escola… (enquanto outros concentravam-se nos aeroporto internacional 4 de Fevereiro para o exterior) sendo bons ou maus o que parece ser unânime o objectivo foi alcançado. Paz chegou e aqueles que tinham feito uma “retirada estratégica”, e que duvidam do objectivo primacial quiçá por apenas seleccionarem “os filhos dos pobres” hoje entoam em todos os cantos do mundo e atribui o mérito a uma pessoa. Eu já ouvi pessoas a falarem se não fosse o Mpla a guerra continuaria. É uma verdade absoluta? Não quero culpabilizar ninguém hoje a discussão é como eu e você podemos ajudar Angola. Sem graxas nem culto cego ao “Senhor”.

 

As análises e observações sobre os ganhos da independência são incontáveis no entanto destacam-se a paz e a” minha liberdade” (de escrever o que penso obedecendo os limites jurídicos e éticos-morais). Este exercício deixa ainda muita gente insatisfeita. Na semana passada de entre varias criticas, conselhos e ofensas que recebo quase que diariamente uma expressão me deixou louco “continua a escrever e nunca ter medo”. Medo de que? De morrer? Tenho dito “que deste o momento que descobri que tenho vida também descobri que um dia a perderei”. Quem não vai morrer?


Este cenário lembra o mito da caverna (alegoria da caverna) foi escrita pelo filósofo Platão, e encontra-se na obra intitulada A Republica (livro VII)


“ Imaginemos um muro bem alto separando o mundo externo e uma caverna. Na caverna existe uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No interior da caverna permanecem seres humanos, que nasceram e cresceram ali. Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder locomover-se, forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, onde são projectadas sombras de outros homens que, além do muro, mantêm acesa uma fogueira. Os prisioneiros julgam que essas sombras sejam a realidade. Um dos prisioneiros é libertado por uma força natural e fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. Aos poucos vai se movendo e avança na direcção do muro e o escala, com dificuldade enfrenta os obstáculos que encontra e sai da caverna, descobrindo não apenas que as sombras eram feitas por homens como eles, e mais além todo o mundo e a natureza.

 

Logo depois decide voltar e contar as maravilhas do mundo que vira, mas ele é ignorado e logo depois o espancam e o batem até a morte por dizer tal coisa.”


Se os que teimosamente iniciaram luta pela liberdade enfrentaram enormes obstáculos e graças a Deus alcançaram os seus objectivos. E actualmente os que expõem as suas opiniões sem peso de consciência de forma livre e sem fardos são vistos como” grandes homens corajosos”, quando na verdade não são, poderão ser mortos, molestados … mas a chama da victoria permanecerá acesa. Quantos actualmente beneficiam-se do molho gostoso da paz e da fuga à opressão portuguesa? Assim como fortalecer a democracia? A democracia não se compadece com o medo.


Os outros ganhos da independência são o medo, pobreza e a corrupção. O medo sentimento que está no sangue. Como escreveu Divaldo Martins (antigo porta voz da Policia em Luanda). No seu artigo o tempo dos surdos e mudos.” É tempo de esgrimir ideias, é tempo de aprendermos a ser livres, de aprendermos a respeitar a liberdade, a nossa e a dos outros, para permitir que cada um consiga libertar a excelência escondida no seu medo.”A pobreza além de material também é imaterial, está aos olhos dos que querem sempre ver. A corrupção é um síndrome e já se escreveu de tudo um pouco. Mas o que mais me dói é ouvir conselhos e encorajamentos de mais velhos a incentivarem os jovens a dançar a música da corrupção. Até parece que muitos cotas perderam o norte.” Acredito ainda na honestidade de muitos irmãos, sei que é difícil, o importante e estarem com as consciências sãs. O que ainda não consigo perceber, os grandes desafios da Pátria foram sabiamente conquistados, o que falta para que todos vivamos bem? O sangue da independência deve ser uma força para vencer o mal. Se os outros derramaram suor e sangue para a nossa liberdade porque que não fazemos o mesmo para fortalecer a democracia?